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O presidente de Burkina Faso, Roch Kaboré, foi detido por militares em um golpe de Estado, confirmou nesta segunda-feira (24) à Agência EFE um comandante sênior do Exército do país da África Ocidental.
Horas depois, um comunicado assinado pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba e lido por outro oficial na televisão estatal confirmou a derrubada de Kaboré, a suspensão da Constituição do país, a dissolução do governo e da Assembleia Nacional e o fechamento das fronteiras.
Segundo informações da agência Reuters, o informe, assinado pelo Movimento Patriótico para Salvaguarda e Restauração (MPSR, na sigla em francês), apontou que a tomada do poder teria sido realizada sem violência e que os detidos estariam em local seguro.
Os motivos alegados para o movimento foram a suposta deterioração da situação de segurança no país e o que foi descrito como “incapacidade” de Kaboré de unir a nação e responder aos desafios por ela enfrentados.
A detenção ocorreu em meio a um clima de grande tensão iniciado no domingo, quando foram disparados tiros em vários quartéis militares em um suposto motim para exigir melhorias nas Forças Armadas.
Ainda de acordo com a fonte ouvida pela EFE, as autoridades do país haviam realizado negociações com os amotinados à noite, quando foram ouvidos tiros perto da residência presidencial, mas a estratégia parece ter falhado.
Também no domingo à noite, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) havia expressado “grande preocupação” com o motim, pedido “calma” e exortado os militares a favorecer “o diálogo com as autoridades”.
O comunicado da entidade foi divulgado depois que o governo burkinense impôs um toque de recolher noturno, após o motim.
No início deste mês, 15 pessoas (dez soldados e cinco civis) já haviam sido presas em Burkina Faso por causa de uma suposta tentativa de golpe.
Além disso, no último sábado, o país viveu mais um dia de manifestações não autorizadas pelo governo e convocadas por grupos da sociedade civil para manifestar descontentamento social pela insegurança gerada pela violência jihadista e pela falta de resultados do governo no combate ao problema.
Ataques jihadistas em Burkina Faso são frequentemente atribuídos a grupos afiliados à rede terrorista Al Qaeda e ao Estado Islâmico (EI), especialmente na região norte do Sahel, mas têm se espalhado pelas regiões vizinhas e, desde 2018, pelo leste do país.
A insegurança fez com que o número de deslocados internos subisse para pouco mais de 1,5 milhão, de acordo com números do governo.