Autoridades quenianas disseram ontem que suas forças estavam "no controle" do shopping Westgate em Nairóbi onde o grupo terrorista somali Al-Shabab, ligado à Al-Qaeda, lançou um ataque no sábado que matou 62 pessoas.
"Nossas forças estão vasculhando o shopping andar por andar em busca de alguém que tenha ficado para trás. Nós acreditamos que todos os reféns foram libertados", afirmaram o Ministério do Interior e a Coordenação do Governo Nacional, pelo Twitter.
Segundo a Embaixada do Brasil em Nairóbi, não havia brasileiros entre as vítimas do ataque.
O número exato de reféns, no entanto, permanece desconhecido. Ao longo do dia, a Cruz Vermelha queniana revisou para 62 o número de mortos. Ao menos 63 pessoas continuam desaparecidas. Dez suspeitos de envolvimento com o atentado foram presos pela polícia queniana.
Pela manhã, quatro grandes explosões foram ouvidas do lado de fora do shopping. Pouco depois das detonações, dezenas de soldados, alguns deles com armas pesadas, foram vistos na rua que dá acesso ao shopping. Um tanque foi posicionado no local. Segundo a polícia, os militantes atearam fogo em uma loja para criar uma tática de dispersão e tentar fugir.
Mais cedo, o ministro queniano do Interior, Joseph Ole Lenku, disse em entrevista coletiva que os militantes chegaram a incendiar colchões em um supermercado nos pisos inferiores do shopping, mas o fogo fora controlado, segundo o ministério.
Ole Lenku disse que dois agressores foram mortos ontem, elevando a três o total de militantes mortos até agora. Ele acrescentou que não havia mulheres entre os agressores, embora alguns estivessem travestidos. No entanto, uma fonte de segurança e dois soldados disseram que uma mulher branca estava entre os autores do ataque e foi morta.
O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, rejeitou a exigência feita no domingo pelos militantes para que o Quênia retirasse suas tropas da vizinha Somália.
Kenyatta, que perdeu um sobrinho no ataque de sábado, disse que não faria concessões na "guerra ao terrorismo" na Somália, onde tropas quenianas há dois anos colocam o grupo Al-Shabab na defensiva, como parte de uma missão de paz patrocinada pela União Africana.
O chefe do Estado-Maior queniano, Julius Karangi, disse que os pistoleiros vieram "do mundo todo", mas não citou suas nacionalidades.
Em Washington, as autoridades disseram estar monitorando os esforços do Al-Shabab para recrutar militantes nos EUA, mas afirmaram não ter informações diretas sobre o eventual envolvimento de americanos no ataque de Nairóbi.
Forças do governo agem com "cautela"
Autoridades quenianas de segurança próximas ao shopping disseram que as explosões ouvidas ontem, por volta da hora do almoço, ocorreram porque forças quenianas estavam abrindo caminho à força.
O grupo terrorista Al-Shabab, ligado à Al-Qaeda, havia ameaçado matar reféns se a polícia entrasse no shopping.
Ecoando outros funcionários, que destacam o sucesso no resgate de centenas de pessoas retidas no shopping depois do massacre de sábado, o ministro do Interior, Ole Lenku, afirmou que a maior parte do complexo está sob controle das autoridades e que os militantes não têm como fugir.
"Estamos fazendo tudo o que é razoavelmente possível, mas cautelosamente, para encerrar o processo", disse o ministro. "Os terroristas podem estar correndo e se escondendo em algumas lojas, mas todos os andares agora estão sob nosso controle", disse o ministro.
Terroristas do Al-Shabab vêm de vários países
De acordo com a rede CNN, os militantes que participam da ação são de várias nacionalidades. Entre os terroristas, estariam três americanos (ou cinco, dependendo das fontes), um inglês, um canadense, um finlandês, um polonês, um canadense, um queniano e duas pessoas vindas da Somália.
O governo do Quênia questionou as informações e disse que a identidade dos membros do grupo ainda não foi confirmada. No domingo, o presidente Uhuru Kenyatta afirmou que não retirará as tropas da Somália, exigência dos rebeldes do Al-Shabab.
Os soldados quenianos são a maioria na força de paz da União Africana que há dois anos tenta estabilizar a Somália, afetada há duas décadas por uma guerra civil.