São Paulo (Folhapress) Autoridades iraquianas adiaram temporariamente uma operação militar de grande porte contra insurgentes, que estava sendo planejada para ocorrer no próximo mês - quando, no próximo dia 15, ocorrem eleições legislativas - seguindo um pedido da Liga Árabe, informou ontem o ministro iraquiano do Interior, Bayan Jabr.
O chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, tem tentado usar a influência da organização a fim de minimizar a tensão entre as facções xiitas e sunitas que ocorrem desde a queda do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein em 2003, e acabou sendo agravada pela ascensão dos xiitas ao poder, em janeiro deste ano. O conflito político desencadeou uma onda de violência que matou centenas de pessoas, entre forças de segurança e civis. Os sunitas são uma facção minoritária no Iraque (representa cerca de 20% da população), que esteve no poder durante o período em que Saddam era presidente do país, de 1979 a 2003.
O governo de transição, eleito no início deste ano, é composto prioritariamente por xiitas facção religiosa que abriga cerca de 60% da população iraquiana, mas que foi perseguida durante o governo de Saddam. Além disso, recentemente, várias denúncias de abusos contra as forças de segurança, lideradas pelos xiitas, vieram à tona nas últimas semanas. Ontem, o jornal britânico "The Observer" publicou uma entrevista com o ex-primeiro-ministro iraquiano Iyad Allawi, em que ele afirma que os abusos de direitos humanos no Iraque são tão graves agora quanto na época em que o país era governado por Saddam.
No último dia 15, soldados americanos descobriram por acaso, um bunker no prédio do Ministério do Interior, em Bagdá, em que 173 pessoas estavam detidas. Várias delas apresentavam sinais de tortura e muitas estavam sem comer havia dias. Entidades nacionais e internacionais acusaram autoridades do Iraque e o Exército de torturar sunitas.
Jabr anunciou que, apesar da ofensiva ter sido suspensa, 200 mil policiais e membros dos comandos do Ministério do Interior, além de 100 mil homens dos Serviços de Proteção do Iraque e outros 100 mil soldados estarão nas ruas de todo o país, para garantir a realização do pleito. Há mais de 14 milhões de iraquianos aptos a votar no país, e as eleições legislativas do próximo serão diferentes das que ocorreram em janeiro passado, quando os sunitas boicotaram as eleições. Nas eleições ocorridas em janeiro passado, grupos terroristas como a Al Qaeda no Iraque, fez diversas ameaças aos civis para que não fossem às urnas.