Forças de segurança da Venezuela assumiram nesta segunda-feira (17) de manhã o controle da praça Altamira, em Chacao, cidade governada pela oposição e que integra a região metropolitana da capital, Caracas.
A praça é um dos principais locais de protestos contra o governo que abalam o país há mais de um mês.
Cerca de mil homens da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) participaram da ação.Depois da tomada da praça, eles patrulhavam o local e as ruas do entorno, enquanto trabalhadores retiravam detritos que manifestantes haviam usado para bloquear ruas nos bairros de classes média e alta na região.
O ministro do Interior, Miguel Rodríguez Torres, se reuniu com o prefeito Ramón Muchacho na praça e disse-lhe que o governo a entregava como "território de paz".
"Estamos restabelecendo o direito de milhares de cidadãos de Chacao, forçados a permanecer dentro de suas casas devido a ações violentas", disse Torres.
O presidente Nicolás Maduro usou os confrontos durante semanas na praça para criticar o prefeito por não ter o controle de sua área.
Muchacho, que apoia os protestos, afirmou que a ordem pública é responsabilidade do Estado, e não do município. Ele culpou a GNB e a Polícia Nacional pelo uso excessivo de força nas manifestações e disse que a ação militar não é resposta aos atos contra o governo.
"A militarização de Chacao não resolve a crise que a Venezuela atravessa. O problema não são os protestos. Eles são consequência das verdadeiras razões da crise, como o desabastecimento de produtos básicos, a inflação mais alta da América Latina, o desemprego, a insegurança".
O partido Vontade Popular convocou para esta segunda (17), em Caracas, uma manifestação pela libertação de estudantes detidos nas manifestações e de Leopoldo López, líder do partido, cuja detenção completa nesta terça-feira (18) um mês.
29.ª morte
Nesta segunda de manhã morreu um capitão da Guarda Nacional Bolivariana que havia sido baleado em uma manifestação no domingo (16) em Maracay (132 km de Caracas).
Ele foi atingido na cabeça por um disparo feito por manifestantes quando sua unidade liberava uma avenida.
Foi o quarto membro da GNB morto durante os protestos, que já deixaram 29 mortos e cerca de 400 feridos.
Há também 41 investigações em andamento sobre violação de direitos humanos por forças policiais.
Nesta segunda, a companhia aérea Air Canada informou que, "devido aos distúrbios civis que acontecem na Venezuela", decidiu suspender os seus voos para Caracas.