O Brasil pode apresentar na reunião da Conferência da Organização das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, em dezembro, em Copenhage (Dinamarca), um compromisso de congelar sua emissão de CO2 aos níveis de 2005, quando foram descarregadas na atmosfera cerca de 2,2 bilhões de toneladas, até 2020. A informação foi anunciada nesta terça-feira (13) pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Contudo, segundo Minc, para que esse compromisso, proposto pela sua pasta e que ainda não é consenso no governo, seja assumido perante os demais países será necessário que o Brasil seja financiado pelas nações ricas em pelo menos US$ 10 bilhões por ano.
Com esse dinheiro, o país investiria em planos setoriais para redução do desmatamento em biomas como o Cerrado e a Caatinga, projetos para a cadeia de etanol e redução de resíduos. Isso permitiria o congelamento do nível de emissões no país. Esse cálculo leva em conta um crescimento médio anual do PIB de 4% até 2020.
Minc, o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, se reuniram nesta terça-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar a proposta do Brasil que será levada para a conferência da ONU.
Para Pinguelli Rosa, que coordena os interesses da sociedade civil na questão das mudanças climáticas, esses US$ 10 bilhões serão insuficientes para manter a meta de congelamento das emissões no Brasil. "Para um problema desse tamanho, US$ 10 bilhões não é nada", disse.
O Brasil também vai propor aos demais países que a emissão de CO2 na atmosfera pelos países desenvolvidos seja reduzida em até 40% até 2020, considerando os volumes de emissões de 1990. Hoje, as nações desenvolvidas só se comprometem com uma redução de, no máximo, 25% dessa emissão.
"Achamos que essa meta de 25% na emissão dos países desenvolvidos é insuficiente. Queremos uma meta de redução absoluta de 40% em relação ao volume de emissões de 1990", disse Minc. O Brasil também quer que o fundo internacional de combate às mudanças climáticas, que será abastecido pelos países desenvolvidos para estimular a redução do desmatamento nos países em desenvolvimento, seja três a quatro vezes maior do que o proposto até agora, que é de US$ 100 bilhões por ano até 2020.
Pinguelli disse que o Fórum não propõe apenas que os países ricos financiem a redução do desmatamento e das emissões de CO2 no mundo, mas que também as famílias mais ricas do país contribuam para que haja uma melhora no clima. Ele citou o exemplo dos automóveis "grandes" e "que consomem muito combustível", que deveriam ter seu consumo "desestimulado".
Amazônia
O ministro do Meio Ambiente afirmou que na reunião desta terça-feira já ficou definido que o Brasil assumirá o compromisso junto aos demais países do mundo de reduzir o desmatamento na Amazônia em pelo menos 80% até 2020.
O cálculo tem como base a média de desmatamento no bioma amazônico entre 1996 e 2005, que é de cerca de 19 mil quilômetros. Ou seja, até 2020, o Brasil quer que o desmate na Amazônia seja de no máximo 20% dessa área.
Reuniões
A partir desta quarta-feira (14), os ministros envolvidos com o tema se reunirão para finalizar a proposta brasileira que será apresentada em Copenhage. O objetivo, segundo Minc, é que até o dia 20 as metas e compromissos brasileiros estejam fechados e apresentados à sociedade numa reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Lula também quer que em novembro seja feita uma reunião com os presidentes da região amazônica na América do Sul para afinar as posições que serão levadas para a reunião da ONU.
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