Greymouth - A polícia da Nova Zelândia declarou mortos ontem os 29 mineiros soterrados na jazida de Pike River, no sul do país. Uma explosão ainda mais forte do que a anterior, que isolou os funcionários no dia 19, ocorreu na tarde de ontem, pelo horário local, acabando com a esperança de um resgate bem sucedido.
"Não houve sobreviventes após uma nova grande explosão sob a terra", anunciou o responsável policial das equipes de resgate, Gary Knowles.
Após a divulgação da notícia, dezenas de famílias abandonaram a sala de imprensa visivelmente emocionadas. Alguns familiares dos trabalhadores tentaram agredir policiais por não terem descido ao poço para salvar seus parentes, segundo testemunhas.
Uma porta-voz da polícia disse que os resgates estavam encerrados, e que agora havia apenas uma operação em andamento para retirar os corpos. "Somos uma nação em luto", declarou o primeiro-ministro neozelandês, John Key, por meio de nota oficial.
De acordo com Peter Whittall, diretor executivo da mina de carvão, a segunda explosão durou cerca de 30 segundos. Ela ocorreu pouco depois que uma equipe de perfuração escavara um túnel por onde robôs conseguiram gravar imagens internas do local. No momento do acidente, 16 homens preparavam-se para entrar no túnel.
Esperança frustrada
As famílias que ouviam o comunicado de Whittall esperavam boas notícias e antes que ele acabasse seu relato, chegaram a aplaudir quando o executivo contou que a equipe se preparava para entrar. Mas, ao continuar, Whittall deixou claro que qualquer tentativa nesse sentido seria perigosa.
A esperança de retirá-los com vida era grande por causa do resgate recente dos 33 mineiros chilenos. Mas a operação no Chile foi facilitada pela ausência de gases em minas de cobre e ouro. No caso da mina neozelandesa, tratava-se de uma mina de carvão. Outro fator positivo chileno foi o clima seco da região, que impede o risco de inundações subterrâneas.
A mina na qual ocorreu a explosão era mantida pela Pike River Coal. Segundo as autoridades, este foi o pior acidente em uma mina da Nova Zelândia em quase um século. Em 1914, 43 mineiros morreram na mina Ralph, em Waikato, na Ilha do Norte.
O desastre é péssimo também para a comunidade local do extremo oeste da Ilha do Sul, já que muitos dependiam exclusivamente da mina como fonte de emprego e renda.