Familiares choram a morte dos 29 trabalhadores da mina de carvão de Pike River| Foto: Tim Wimborne/Reuters

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Após 6 dias, mulheres encerram greve em mina no sul do Chile

Santiago - As cerca de trinta mulheres que ficaram durante seis dias numa antiga mina de carvão no sul do Chile para protestar contra a perda do emprego e a extinção de um programa profissional encerraram sua greve depois de chegar a um acordo com o governo. O protesto acabou na noite de segunda-feira, depois que o governo se comprometeu a revisar as normas de contratação das grevistas e sua inserção em programas de capacitação.

No último dia 16, as 33 chilenas, vestidas de uniforme de mineiro, desceram a 500 metros de profundidade na "Chiflón del Diablo", uma antiga mina de carvão situada na região de Lota, a 500 km ao sul de Santiago, inoperante desde a década de 90 e convertida em atração turística. As manifestantes integravam o Corpo Militar de Trabalho, um programa social criado após o terremoto e tsunami que atingiram o Chile em 27 de fevereiro passado.

As 33 mulheres ameaçavam fazer uma greve de fome no fundo da mina para exigir a reativação do Corpo Militar de Trabalho, que empregou cerca de 12 mil pessoas até ser extinto. No mês passado, 33 mineiros foram resgatados após 69 dias presos no fundo de uma mina no norte do Chile, em um drama que chamou a atenção de todo o planeta.

AFP

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Greymouth - A polícia da Nova Zelândia declarou mortos ontem os 29 mineiros soterrados na jazida de Pike River, no sul do país. Uma explosão ainda mais forte do que a anterior, que isolou os funcionários no dia 19, ocorreu na tarde de ontem, pe­­lo horário local, acabando com a esperança de um resgate bem su­­cedido.

"Não houve sobreviventes após uma nova grande explosão sob a terra", anunciou o responsável po­­licial das equipes de resgate, Gary Knowles.

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Após a divulgação da notícia, dezenas de famílias abandonaram a sala de imprensa visivelmente emocionadas. Alguns fa­­miliares dos trabalhadores tentaram agredir policiais por não terem descido ao poço para salvar seus parentes, segundo testemunhas.

Uma porta-voz da polícia disse que os resgates estavam encerrados, e que agora havia apenas uma operação em andamento – para retirar os corpos. "Somos uma nação em luto", declarou o primeiro-ministro neozelandês, John Key, por meio de nota oficial.

De acordo com Peter Whittall, diretor executivo da mina de carvão, a segunda explosão durou cerca de 30 segundos. Ela ocorreu pouco depois que uma equipe de perfuração escavara um túnel por onde robôs conseguiram gravar imagens internas do local. No momento do acidente, 16 homens preparavam-se para entrar no túnel.

Esperança frustrada

As famílias que ouviam o comunicado de Whittall esperavam boas notícias e antes que ele acabasse seu relato, chegaram a aplaudir quando o executivo contou que a equipe se preparava para entrar. Mas, ao continuar, Whittall deixou claro que qualquer tentativa nesse sentido seria perigosa.

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A esperança de retirá-los com vi­­da era grande por causa do res­­ga­­te recente dos 33 mineiros chilenos. Mas a operação no Chile foi facilitada pela ausência de gases em minas de cobre e ouro. No caso da mina neozelandesa, tratava-se de uma mina de carvão. Outro fa­­tor positivo chileno foi o clima se­­co da região, que impede o risco de inundações subterrâneas.

A mina na qual ocorreu a ex­­plosão era mantida pela Pike Ri­­ver Coal. Segundo as autoridades, este foi o pior acidente em uma mina da Nova Zelândia em quase um século. Em 1914, 43 mineiros morreram na mina Ralph, em Waikato, na Ilha do Norte.

O desastre é péssimo também para a comunidade local do extremo oeste da Ilha do Sul, já que muitos dependiam exclusivamente da mina como fonte de emprego e renda.