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Segurança

Mineiros têm de aprender a superar riscos todos os dias

Ao contrário do que ocorria em décadas passadas, hoje o trabalho é quase todo mecanizado |
Ao contrário do que ocorria em décadas passadas, hoje o trabalho é quase todo mecanizado (Foto: )
Equipamentos de proteção trouxeram mais segurança aos mineiros |

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Equipamentos de proteção trouxeram mais segurança aos mineiros

O acidente com os 33 trabalhadores que ficaram confinados du­­rante 69 dias no interior de uma mina de cobre no Chile fez com que o mundo voltasse seus olhos para a realidade difícil e arriscada dos mineiros. Mesmo com as evoluções relacionadas à tecnologia, à legislação e à segurança do trabalho, o perigo de uma tragédia existe e cabe aos mineiros a difícil tarefa de aprender a conviver com o risco.

No interior de uma mina, a temperatura sobe um grau Cel­­sius a cada 100 metros. No caso dos mineiros no Chile, a temperatura no interior do salão localizado a 700 metros de profundidade era 7°C superior àquela registrada sobre a superfície. Além do forte calor, os trabalhadores também são obrigados a conviver com o fato de estarem operando no subsolo, uma situação em que muitos são acometidos pela sensação claustrofóbica causada pelo confinamento.

"Na minha opinião, o mais di­­fícil para quem trabalha no subterrâneo é mesmo a claustrofobia. Não é raro vermos um novo trabalhador, ao sentir esse tipo de sensação, abandonar o serviço an­­tes mesmo de começar", revela Re­­nato Cesar Reveles Pereira, en­­ge­­nheiro de minas da Terra En­­ge­­nharia em Mineração.

No entanto, Pereira afirma que o trabalho no subsolo de uma mina pode ser até menos insalubre do que o exercício de uma ou­­tra função qualquer realizada em condições consideradas "normais". "Ao comparar as condições de trabalho de um mineiro com um profissional que trabalha num desses estacionamentos co­­bertos de shopping – geralmente localizados no subsolo dos prédios – verifica-se que o segundo possivelmente inale mais componentes tóxicos do que o primeiro", analisa o engenheiro.

Lembranças

As condições de trabalho encontradas hoje em dia são infinitamente superiores àquelas oferecidas aos mineiros no passado. An­­tônio Allano, técnico em mineração da Mineropar – Mi­­nerais do Paraná, tem 33 anos de expe­­riên­­cia na área. Suas primeiras in­­­­cur­­sões na profissão aconteceram por intermédio do pai. Ele trabalhou na década de 1970 em uma mina de carvão mineral em Cri­­ciúma (SC).

"Uma vez desci com meu pai cerca de 80 metros pelo interior daquela mina. A descida era feita por meio de uma gaiola, através de um poço horizontal", relembra Allano.

Na lembrança de Allano, surge uma mina com galerias muito baixas, com menos de um metro de altura. Os mineiros ti­­nham que trabalhar encurvados ou se­­mi­­agachados. O forte calor, por sua vez, obrigava os trabalha­­dores a permanecer só de calção, sem ca­­miseta e praticamente nenhum equipamento de proteção individual. "As condições eram sub-hu­­manas", relembra.

Situação atual

Hoje em dia quase todo o trabalho nas minas subterrâneas é mecanizado. Na Cia. Car­­bonífera do Cam­­buí, localizada na cidade de Fi­­gueira, no Paraná, a mecanização do serviço possibilita o trabalho dos mineiros em três turnos distintos. De acordo com a NRM – lei que regulamenta a atividade mi­­neradora no Bra­­sil – o período máximo de permanência de um trabalhador no subsolo é de 8 ho­­ras, sendo 6 delas relativas à carga horária diária e mais duas no regime de hora-extra. Cam­­buí é a única mina de carvão mineral ativa no es­­tado.

Em alguns países, como China ou Estados Unidos, não existe uma regulamentação a respeito. Mi­­neiros chineses são explorados enquanto os norte-americanos trabalham, muitas vezes, até a exaustão – nos EUA o empregado é remunerado por hora de trabalho.

O técnico Antônio Allano diz que um dos fatores mais importantes à segurança dos mineiros é que hoje em dia as empresas já não aceitam qualquer um para o trabalho nas minas subterrâneas. De acordo com Allano, atualmente os funcionários são devidamente preparados pelas empresas e, além de todos os equipamentos de proteção, recebem toda a orientação necessária ao exercício seguro da profissão.

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