O Ministério Público da Venezuela anunciou nesta quarta-feira (25) a abertura de uma investigação formal sobre as eleições primárias realizadas pela oposição ao regime de Nicolás Maduro no último domingo (22). A candidata María Corina Machado, ex-deputada e inabilitada pelo regime chavista, ganhou a disputa da oposição com 92% dos votos, o que fez dela a nova representante do bloco oposicionista nas eleições presidenciais de 2024.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, que é ligado ao chavismo, nomeou dois investigadores especializados em crimes organizados para apurar o que ele denunciou como "fraude" nas eleições, onde 2,3 milhões de pessoas participaram, segundo dados oficiais dos organizadores.
Saab afirmou que há “inúmeras denúncias de fraude que comprometem a integridade do processo”, citando um vídeo divulgado pelo regime de Maduro em que algumas pessoas se “confundem” durante a apuração em uma das 5 mil mesas de votação.
O Ministério Público presume que pelo menos “quatro crimes foram cometidos no domingo”, incluindo “usurpação de funções, usurpação de identidade, lavagem de dinheiro e associação para cometer um crime”. O presidente da Comissão Nacional de Primárias (CNP), Jesús María Casa, a vice-presidente Mildred Camero, e os 24 chefes das juntas regionais serão “convocados como testemunhas nos próximos dias para prestar contas”, anunciou o MP.
Saab também destacou que o Parlamento da Venezuela, controlado pelos chavistas, denunciou na terça-feira (24) “irregularidades nas primárias”, incluindo uma suposta "manipulação do número de votos".
Além da denúncia do Parlamento, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, também acusou as primárias da oposição de terem sido fraudadas. A denúncia do ditador foi corroborada por sua esposa, Cilia Flores; pelo primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido de Venezuela (Psuv), Diosdado Cabello, e pelo presidente da Assembleia Nacional de 2020, Jorge Rodríguez.
No anúncio desta quarta, Saab também enfatizou que a Comissão de Primárias deveria ter aceitado a assistência técnica do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para “garantir a transparência do processo”. A recusa da Comissão de Primárias foi um dos motivos que levaram os chavistas a acusar os opositores pelo crime de “usurpação de funções”.
O procurador-geral argumentou que o CNE tem a obrigação de intervir em eleições de organizações políticas, acrescentando que a recusa em aceitar o voto automatizado, proposto pelo CNE, foi uma “violação do princípio de um eleitor, um voto”. Saab ressaltou que o sistema manual utilizado nessas primárias é uma prática “ultrapassada na Venezuela”.
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