A ministra da Justiça da Ucrânia, Olena Lukash, ameaçou nesta segunda-feira (27) pedir ao governo que decrete o estado de emergência no país após o prédio de sua pasta ser invadido ontem por manifestantes da oposição.
Lukash é uma das principais negociadoras de um acordo com os opositores, que pedem a saída do presidente Viktor Yanukovich, a retomada das negociações para a adesão à União Europeia e o fim de uma lei que limita as manifestações. Uma das medidas criminalizadas pelo governo é a ocupação de prédios estatais.
Em entrevista à televisão ucraniana, a ministra exigiu a liberação do edifício e ameaçou pedir uma reunião do Conselho Nacional de Segurança caso os manifestantes não o desocupem. Para ela, a invasão atrapalha o trabalho dos funcionários do ministério que tentam negociar um acordo com os opositores.
A titular da Justiça, no entanto, não deu uma data limite para o fim da ocupação. A invasão começou na noite de ontem, quando centenas de manifestantes entraram no prédio, sem encontrar resistência. Em seguida, montaram uma barricada com neve, sacos de areia e lixo.
Horas após a ação, o líder opositor e campeão mundial de boxe, Vitaly Klitschko, tentou pedir aos opositores que deixem o prédio, sem sucesso. Com o Ministério da Justiça, são quatro os edifícios estatais ocupados em Kiev desde a radicalização dos protestos, no dia 19.
Pelo menos três manifestantes morreram e mais de 500 ficaram feridos nos últimos oito dias. Outros 70 foram detidos. Os atos contra o governo e as ocupações de prédios também atingiram cidades do interior do país, em especial no oeste ucraniano, com maior presença da oposição.
Napalm
Nesta segunda, o Ministério do Interior publicou uma nota em que acusou os manifestantes de terem grandes quantidades de uma substância incendiária parecida ao napalm. O agente químico é uma espécie de gel que aumenta as queimaduras provocadas pelo fogo.
As autoridades afirmam que os opositores estão usando uma mistura de gasolina com substâncias adesivas, como espuma sintética. Na mesma nota, o ministério anunciou que passará a usar novas armas contra os protestos, dentre elas bombas de gás lacrimogêneo mais potentes.