O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Moallem, acusou ontem a Liga Árabe de tentar internacionalizar a crise de seu país e criticou a "ingerência flagrante" da organização nos assuntos internos sírios.
Segundo ele, "metade do universo" está conspirando contra o regime de Bashar Assad, que "tomará qualquer medida para se defender do caos" dando sinais de que Damasco continuará com a repressão às manifestações de opositores.
Em entrevista coletiva, Moallem defendeu que pessoas estão executando um "plano externo" distante da "vontade do povo", em alusão à proposta da Liga Árabe para a transferência do poder na Síria com o apoio do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
As declarações do chanceler sírio chegam pouco depois de os países membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) anunciarem a retirada de seus monitores participantes da missão da Liga Árabe na Síria.
"Se eles vão para Nova York [sede da ONU] ou para a Lua, contanto que não paguemos suas passagens, isso é assunto deles", afirmou o ministro. "É dever do governo sírio tomar as medidas que vê como necessárias para lidar com os grupos armados que espalham o caos."
Assad e membros de seu regime já repetiram algumas vezes que há uma conspiração estrangeira por trás das revoltas que pedem por uma transição política, que já duram mais de dez meses. Moallem afirmou ontem que ficou claro que alguns países árabes se uniram a essa conspiração.
Arábia Saudita
A decisão de tirar observadores da Síria segue medida semelhante tomada pela Arábia Saudita, o maior dos seis estados membros do CCG, que retirou seus monitores no domingo. O anúncio foi uma respostas à recusa de Assad em transferir seus poderes ao vice-presidente do país, Farouk Charaa, para viabilizar a formação de um governo de união nacional no prazo de dois meses, o qual deve legitimar uma nova eleição presidencial.
Mais cedo, o jornal do Kuwait Al-Qabas afirmou que o CCG retiraria seus monitores porque "não queria ser testemunhas falsas para crimes cometidos contra civis". Segundo o veículo, apoiadores do regime tentavam pressionar os observadores para que defendessem seus interesses. Além da Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar e os Emirados Árabes Unidos integram o CCG.