O presidente do Uruguai, José Mujica (de calça bege, à direita) participa de missa para Chávez| Foto: Andres Stapff/Reuters

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Governo dá pouca informação sobre a doença do presidente

Como nas vezes anteriores, a atual passagem de Hugo Chávez por Cuba para o tratamento de seu câncer é marcada pela economia de informações por parte do governo venezuelano sobre qual a gravidade de sua doença, as suas atuais condições de saúde e mesmo sobre qual região de seu corpo seria a mais afetada pela enfermidade. Nesta ocasião, entretanto, os cuidados ao líder bolivariano têm merecido mais atenção de colegas aliados que, em alguns momentos, chegaram a furar o rigor informativo de Caracas.

O primeiro a se manifestar foi o equatoriano Rafael Correa, que inclusive visitou Chávez em Cuba e acabou informando, na terça, que o venezuelano já estava na mesa de operação horas antes de o Palácio de Miraflores fazê-lo. No dia seguinte, o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, que superou um câncer linfático, contou ter sido avisado de que Chávez estava "respondendo positivamente" após a cirurgia.

Os informes sobre a saúde do presidente da tevê têm sido feitos pelo ministro das Comunicações, Ernesto Villega, que é jornalista.

Ontem, os presidentes do Uruguai, José Mujica, e do Peru, Ollanta Humala, disseram que podem vir a visitar Chávez e manifestaram solidariedade ao venezuelano. "Te desejo uma rápida recuperação, que volte o mais rápido possível", escreveu Mujica em carta enviada a Chávez nesta semana.

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"Posse é inadiável e precisa ser em território nacional"

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O governo da Venezuela começa a preparar aos poucos a população para a hipótese de que Hugo Chávez não consiga tomar posse no dia 10 de janeiro para seu quarto mandato, até 2019. Apesar de o último comunicado oficial mencionar um quadro de "progressiva recuperação, com sinais vitais normais", chavistas começam a mencionar a hipótese do presidente precisar de mais tempo para se curar do câncer na região pélvica após sua quarta cirurgia num intervalo de 18 meses.

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Depois das declarações do vice-presidente, Nicolás Maduro, de que os venezuelanos precisam se preparar para os "dias duros, difíceis e complexos", o ministro das Comunicações, Ernesto Villega, mencionou na página do governo na internet a possibilidade de Chávez não tomar posse.

"Confiamos que, com o amor de milhões, o comandante se recuperará logo e assumirá o comando antes de 10 de janeiro. Caso contrário, nosso povo deverá estar preparado para entender. Irresponsabilidade seria ocultar a delicadeza do momento atual e dos dias a seguir", escreveu.

O último boletim sobre a saúde do presidente revela que ele se encontra em "progressiva e favorável recuperação dos valores normais de seus sinais vitais", mas explica que este processo pode exigir um "tempo prudencial" por conta da complexidade da operação. Mas menciona "complicações surgidas no ato cirúrgico, diante de um sangramento que exigiu a adoção de medidas corretivas que permitiram seu controle", o que poderia ser uma referência a hemorragia.

Em sua coluna na internet, o jornalista Nelson Bocaranda, o primeiro a anunciar a doença do presidente, disse que uma decisão tomada no mais alto nível de governo assegura que Chávez não tomará posse nesta data. O colunista relata ainda que o presidente teve febre e que a equipe aguardava a reação do paciente a antibióticos. E por fim afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já o havia aconselhando a apontar um sucessor.

Já o médico José Rafael Marquina, que costuma comentar a saúde de Chávez na internet, diz que o presidente foi entubado e sofre os efeitos de uma infecção. Conjectura ainda que Chávez poderia ser submetido a uma nova intervenção cirúrgica.

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