Ao sair nesta quinta-feira (29) de uma audiência com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e irritado com a pergunta sobre quando haverá eleições diretas em seu país, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, sugeriu que se fizesse a mesma pergunta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Não sei se lhe ocorreu a ideia de perguntar a Obama sobre isso", afirmou, tendo ao lado um segurança da embaixada, que tentava afastar os jornalistas.

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Rodriguez decidiu aproveitar os poucos minutos que passou no Senado para criticar os Estados Unidos. "Tenho muitas opiniões sobre como são (as eleições) nos Estados Unidos, em que um deputado e um senador custam vários milhões de dólares e para ser presidente (da República) tem de ser multimilionário", afirmou.

Ele respondeu que em seu país tem, sim, eleições "a cada cinco anos", referindo-se provavelmente à eleição de delegados municipais que irão compor a assembleia-geral do Partido Comunista, como ocorre há 49 anos desde que o grupo de Fidel Castro assumiu o comando do país.

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"Você conhece seguramente como são as eleições no Reino Unido, por exemplo, em países do Caribe e em outros lugares", disse o chanceler, tentando passar a ideia que o procedimento é o mesmo que ocorre em Cuba.

O ministro cubano chegou para audiência com mais de uma hora de atraso. Sarney autorizou a imprensa a presenciar o encontro, de cerca de 20 minutos. Rodriguez disse ao senador que o ex-presidente Fidel Castro "está bem de saúde, ao contrário do que saiu na imprensa". Sobre o atual presidente, Raul Castro, o ministro disse que ele "está concentrado nas questões econômicas". Ambos elogiaram o discurso da presidente Dilma Rousseff nas Nações Unidas. "Ela foi muito notável", disse Sarney. A conversa sobre o relacionamento entre os dois países foi breve, após o que Sarney desejou boa viagem ao ministro, dando a conversa por encerrada.