José Alfredo Martínez de Hoy, "czar econômico" da ditadura que governou a Argentina entre 1976 e 1983, foi preso nesta terça-feira em Buenos Aires após ordem de um juiz como parte de uma investigação de sequestro.

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A decisão do juiz Norberto Oyarbide foi anunciada após a Suprema Corte do país ter anulado um indulto concedido a Martínez em 1990, reabrindo os processos judiciais que pesam contra ele.

O governo argentino considerou Martínez, atualmente com 84 anos, um "chefe civil da ditadura terrorista".

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Devido a um aparente estado de saúde precário, Martínez foi levado a um hospital, disse um funcionário do governo argentino.

"Se realmente, como parece, os médicos determinarem que seu estado de saúde não permite o traslado a nenhum estabelecimento carcerário, continuará detido em um centro de saúde", disse a jornalistas o secretário de Direitos Humanos da Argentina, Eduardo Luis Duhalde.

Martínez, que denunciou uma perseguição do governo, foi ministro da Economia entre 1976 e 1981, quando a Argentina foi governada pelo ditador Jorge Rafael Videla.

Sua prisão ocorre enquanto se investiga o sequestro e extorsão do empresário Federico Gutheim e seu filho Miguel.

Gutheim foi detido em 1976 sob ordem de Videla devido a um suposto não cumprimento de um contrato de exportação que levou à queixa de autoridades estrangeiras informada por Martínez, mas a questão foi encerrada com o indulto concedido pelo ex-presidente Carlos Menem (1989-1999).

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Martínez, que nega ter participação no caso, serviu no Ministério da Economia durante o período mais sangrento da ditadura e deixou o cargo em meio a uma recessão econômica.

Sua gestão à frente da pasta foi caracterizada por um forte endividamento externo, que marcou o início do aumento exponencial da dívida externa do país.

Segundo órgãos de direitos humanos, cerca de 30.000 pessoas foram sequestradas, torturadas e assassinadas durante a última ditadura. Uma comissão independente apurou cerca de 11.000 casos.