A Seguridade Social francesa anunciou neste sábado (24) que apresentará uma denúncia penal contra a Poly Implant Prothese (PIP), fabricante das próteses mamárias que as autoridades sanitárias pediram para serem removidas das usuárias alegando que estas poderiam apresentar grandes riscos para saúde.
Os implantes da PIP, que contêm silicone industrial e que poderiam romper com certa facilidade, não atende às exigências da Seguridade Social e, por isso, as autoridades acreditam que pode ter ocorrido um "engano" por parte da fabricante.
Neste sábado, Xavier Bertrand, ministro da Saúde da França, se mostrou a favor de que a PIP "responda por seus atos". "É um negócio obscuro e com muito dinheiro envolvido", assinalou o ministro na emissora "Europe 1".
Bertrand indicou que a PIP, criada em 1991 na côte D'Azur francesa por Jean-Claude Mas, mudou a composição dos implantes mamários e substituiu o silicone médico por outro de uso industrial com a clara intenção de economizar em sua produção e aumentar seus lucros.
O ministro espera que as autoridades policiais possam encontrar Mas da mesma forma que todas as pessoas que poderiam estar relacionadas com este caso.
O fundador da PIP está sendo procurado pela Interpol, embora a organização policial internacional tenha afirmado neste sábado que o "alerta vermelho" emitido contra ele não possui relação com as próteses mamárias, e sim com uma denúncia de condução perigosa supostamente cometida em junho, na Costa Rica.
Bertrand lembrou que o Governo francês se comprometeu a cobrir os gastos da remoção preventiva das próteses de mais de 30 mil francesas, embora o reimplante financiado não atenda as próteses usadas com fins estéticos. A Seguridade Social calculou que o custo desta medida poderia superar os 60 milhões de euros.
A existência de um risco cancerígeno do produto não foi comprovada, porém, o principal problema estaria relacionado com sua fácil ruptura e com o caráter irritante de alguns dos componentes das próteses da PIP.
O responsável de Saúde elogiou a atuação das autoridades francesas no caso dos implantes PIP e indicou que estão trabalhando "com transparência" e em contato permanente com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O caso ganhou uma enorme repercussão na imprensa francesa, lugar de origem dos implantes PIP, embora a maior parte da produção da empresa era destinada à exportação, principalmente para a América Latina. A empresa, que foi fechada em 2010, chegou a ser o terceiro produtor mundial deste tipo de próteses.