O ministro das Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, despontou nesta quinta-feira como um dos favoritos para suceder o cada vez mais impopular primeiro-ministro Naoto Kan, possivelmente ainda este mês.
Mas mesmo que Noda, de 54 anos - a voz da disciplina fiscal no partido governista - consiga de fato o cargo, alguns duvidam que ele possa se sair melhor do que Kan na formação de uma aliança com a oposição para romper o impasse que bloqueia as políticas destinadas a lidar com o desastre nuclear e a imensa dívida pública do país.
O jornal Asahi afirmou que dirigentes do governista Partido Democrático querem nomear Noda como candidato numa eleição de lideranças da legenda depois que Kan deixar o cargo, possivelmente no final deste mês, e que o próprio Noda está interessado em concorrer.
Kan está no cargo há cerca de um ano e é o quinto premiê do Japão em cinco anos. Na semana passada ele sobreviveu a um voto de desconfiança apresentado no Parlamento ao dizer que iria renunciar. Mas não especificou quando.
Seus rivais no partido e na oposição querem que ele deixe o cargo de primeiro-ministro este mês, abrindo caminho para uma coalizão com o principal partido oposicionista, o Liberal Democrático.
Grande coalizão
Muitos vêem a formação de uma "grande coalizão" como a melhor maneira de romper o impasse no Parlamento, onde a oposição controla a Câmara Alta, e de assegurar financiamento para o maior esforço de reconstrução do Japão desde os anos do fim da 2.ª Guerra Mundial.
O secretário-geral do partido governista, Katsuya Okada, que segundo o jornal Asahi apóia Noda, negou a informação. Noda não quis comentar o assunto.
"O primeiro-ministro precisa negociar com a oposição para aprovar o projeto de emissão de dívida e não deveria tardar a renunciar. Fazer isso seria para o benefício do povo e do gerenciamento do desastre (nuclear)", afirmou um dos veteranos membros do partido, Kozo Watanabe, segundo a agência de notícias Jiji.
Noda tem apoiado as iniciativas de Kan de reforma tributária, incluindo um aumento no imposto sobre vendas, para financiar o crescente custo da seguridade social de uma população cada vez mais velha e controlar a dívida pública, que, sendo duas vezes o PIB de 5 trilhões de dólares, é a pior entre as economias de países desenvolvidos.
"Os mercados vão gostar de Noda como primeiro-ministro. Ele tentará pressionar por aumento de impostos e reformas fiscais", disse Takeshi Minami, economista-chefe do Norinchukin Research Institute.
"Mas os deputados governistas não conseguem concordar sobre coisa alguma. Não vejo como os partidos governista e oposicionistas poderiam começar a trabalhar em conjunto, mesmo com Noda."