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Sob ameaça turca

Ministro das Relações Exteriores do Iraque pede que separatistas curdos deixem o país

O ministro de Relações Exteriores do Iraque, Hoshiyar Zebari, pediu, nesta quinta-feira, que os separatistas curdos deixem o país o quanto antes. Embora diga não acreditar que a Turquia inicie nenhuma grande operação militar no Iraque de imediato , Zebari disse que o seu governo está "pouco à vontade" com a decisão do Parlamento turco de autorizar o início de uma incursão pelo território iraquiano em busca de membros do Partido dos Trabalhadores do Kurdistão (PKK, na sigla em ingês).

- Solicitamos formalmente que eles [os guerrilheiros separatistas curdos] abandonem o solo iraquiano e deixem o Iraque para seu povo. Não precisamos de mais problemas, além daqueles que nós já temos - disse Zebari, acrescentando que o PKK deve deixar o país "o quanto antes".

Foi o primeiro apelo de Zebari, que é curdo, para que o PKK deixe o Iraque.

- Os turcos têm um problema e estamos prontos a discutí-lo, assumir compromissos e cumprí-los. Mas o ponto de partida para é o diálogo.

A medida, aprovada na quarta-feira por ampla maioria pelos parlamentares turcos (507 a 19 votos), foi defendida nesta quinta-feira pelo ministro das Relações Exteriores da Turquia. Segundo ele, seu país não hesitará em cruzar fronteira para o norte do Iraque a fim de combater rebeldes curdos refugiados que atacam tropas turcas.

- A Turquia está determinada a continuar a luta contra o terror. Isso é certo, não há hesitação. Esperamos que não haja tentativa de testar a determinação da Turquia - disse Ali Babacan a jornalistas no Egito, depois de conversas com o presidente egípcio, Hosni Mubarak.

A decisão do parlamento turco fez o o preço do petróleo disparar no cenário internacional e gerou apreensão na comunidade internacional. Os Estados Unidos e outros aliados ocidentais pediram na quarta-feira à Turquia que evitasse uma ação militar no norte do Iraque. Washington teme que isso desestabilize a região mais pacífica do Iraque e agrave os problemas no resto do país.

- Estamos deixando muito claro à Turquia que não achamos que seja dos seu interesse enviar tropas ao Iraque - disse em entrevista coletiva o presidente dos EUA, George W. Bush. - Na verdade, eles já têm tropas estacionadas no Iraque. Não achamos que seja do seu interesse enviar mais tropas.

A possibilidade de incursão militar da Turquia no Iraque, também recebeu críticas da Comissão Euopéia, que exortou o governo turco a respeitar a integridade do território iraquiano. A Otan - organização militar da qual a Turquia é membro, juntamente com EUA, Grã-Bretanha, França e Alemanha, entre outros - pediu ao país que "exerça a maior moderação possível".

- É crucial que a Turquia continue a atacar esse problema pela cooperação entre as autoridades relevantes - declarou Krisztina Nagy, porta-voz da CE.

A Turquia diz que a aprovação parlamentar dada na quarta-feira não significa que um ataque seja iminente. Mas o primeiro-ministro do país, o islamita Recep Tayyip Erdogan, já deixou claro que "a paciência do povo turco se esgotou" com as ações dos guerrilheiros separatistas que estão refugiados no Norte do país.

O governo regional curdo do norte do Iraque, por sua vez, disse que um ataque turco contra os separatistas não seria eficaz e abalaria a região.

"Todos na Turquia, mesmo o 'establishment' governista, sabem muito bem que seu país não vai atingir seus objetivos seguindo a opção militar ao tentar resolver a questão do PKK", disse nota do governo regional curdo.

"Os parlamentares turcos deveriam ter estudado as raízes do problema do PKK para alcançar a solução apropriada, ao invés de dar seus votos para uma resolução apressada levando a opção militar acima de todas as outras opções. Não acreditamos que será eficaz", informou o comunicado.

O premier iraquiano, Nouri al-Maliki, disse ter dado ordens à administração regional curda para agir contra rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que tem 3 mil combatentes no Iraque.

Ancara culpa o PKK pela morte de mais de 30 mil pessoas desde que o grupo lançou em 1984 sua luta por uma pátria curda no sudoeste da Turquia, e acusa EUA e Iraque de não conterem as ações dos rebeldes. O PKK respondeu que suas forças estão em alerta total e vão defender seus interesses "até a última gota de sangue".

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