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Corrupção

Ministro do Interior da Turquia renuncia em meio a escândalo

Manifestante com caixa vazia alude à denúncia de que um executivo do banco estatal estaria envolvido em esquemas de corrupção na Turquia – em sua casa foi encontrado dinheiro em caixas de sapato | Umit Bektas/Reuters
Manifestante com caixa vazia alude à denúncia de que um executivo do banco estatal estaria envolvido em esquemas de corrupção na Turquia – em sua casa foi encontrado dinheiro em caixas de sapato (Foto: Umit Bektas/Reuters)

O ministro do Interior da Turquia, Muammer Guler, apresentou seu pedido de renúncia ao primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, em meio a um escândalo de corrupção que levou a 24 prisões, entre eles seu filho Erdogan – que voltou a dizer que o escândalo está relacionado a uma conspiração internacional para derrubar seu governo.

Em Istambul, a polícia usou canhões de água e gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de manifestantes que protestavam contra a corrupção no governo.

Em entrevista à agência oficial Anadolu, Guler negou ter cometido qualquer irregularidade e afirmou ter dito ao primeiro-ministro que está "preparado para ser afastado". O filho do ministro da Economia, Zafer Caglayan, também está envolvido no escândalo e os dois ministros podem estar entre os que deverão ser demitidos numa reforma ministerial esperada para esta semana.

Cerca de 25 oficiais da polícia foram afastados na última semana, no que analistas dizem ser uma tentativa do governo de Erdogan de remover pessoas ligadas a Guler; na Turquia, as forças policiais são subordinadas ao Ministério do Interior.

Em discurso na cidade de Giresun, na costa do Mar Negro, Erdogan disse que vai "levar à justiça qualquer um que tenha roubado do Estado, mesmo que sejam nossos irmãos". Ele reafirmou que a investigação de seu governo foi instigada por "círculos internacionais sombrios".

Embate ideológico

Observadores turcos dizem que a investigação e as prisões são resultado da luta pelo poder entre o governo Erdogan e um movimento islâmico liderado por um clérigo que vive nos EUA, Fethullah Gulen, que teria muita influência na polícia e no Judiciário da Turquia.

O gerente-geral do banco estatal Halkbank também foi mencionado como uma das pessoas acusadas sob a ação que Erdogan chamou de "operação suja" e cuja meta seria minar seu governo.

Erdogan agravou a crise no sábado ao dizer que alguns embaixadores estrangeiros no país que não foram mencionados estiveram envolvidos em "provocações".Alguns jornais pró-governo acusaram o embaixador dos EUA de encorajar a medida contra o Halkbank – acusação negada pelo diplomata.

A investigação, que abalou os mercados, é vista por muitos como reforço da tese de que o que ocorre no país é fruto da disputa de poder com Fethullah Gulen. Por sua vez, o clérigo criticou o expurgo na polícia, invocando a punição de Deus contra os responsáveis.

Erdogan não chegou a apontar Gulen como a mão por trás da investigação, mas a tensão entre o movimento (ou serviço) Hizmet, de Gulen, com Erdogan tem aumentado nos últimos meses.

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