O ministro da Saúde indiano, Ghulam Nabi Azad, tentou se desvencilhar de seus comentários em que classificou a homossexualidade como "uma doença não natural e estrangeira", mas críticos disseram nesta quarta-feira que o preconceito o tornava inapto para o cargo.
A afirmação de Azad, feita na segunda-feira em uma conferência sobre HIV/Aids, gerou críticas na mídia social e nos editoriais dos jornais, mas também expôs uma crença de longa data na sociedade conservadora da Índia de que relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo são abomináveis.
Dois anos atrás, a Índia revogou uma lei do período colonial que considerava a homossexualidade como crime, avançando mais rápido do que outros países da região, onde as leis continuam em vigor. Mas a sociedade indiana segue intolerante, e desaprova relacionamentos entre parceiros do mesmo sexo.
"Infelizmente, essa doença chegou ao mundo e ao nosso país onde homens fazem sexo com homens, o que não é natural e não deveria acontecer", disse Azad em comentários que foram divulgados na televisão.
No dia seguinte, quando ativistas gays e profissionais da saúde condenaram seus comentários, Azad disse ter sido interpretado erroneamente e que ele na verdade tinha dito que a Aids era uma doença. No entanto, ele manteve sua afirmação de que a homossexualidade não era natural.
Azad realizou seu discurso em uma reunião entre líderes de comunidades rurais e grupos que combatem a Aids. O primeiro-ministro Manmohan Singh e a presidente do Congresso, Sonia Gandhi, também se pronunciaram.
Cerca de 2,5 milhões de pessoas na Índia estão infectadas com o vírus HIV, causador da Aids. A doença na Índia é disseminada principalmente através de sexo heterossexual sem proteção, segundo grupos internacionais de saúde.
"Ministros da Saúde nos países deveriam ser os últimos no ramo a difundir preconceitos irracionais. Se Azad faz isso, ele não está apto para o cargo", disse o jornal Times of India.
Homossexuais e lésbicas enfrentam ostracismo na maior parte da Índia, e apenas nos últimos anos começaram a assumir suas preferências sexuais, especialmente nas cidades.
Em 2009, uma decisão de tribunal para descriminalizar a homossexualidade atraiu críticas de líderes hindus, muçulmanos e cristãos.