O ministro japonês da Justiça, Minoru Yanagida, renunciou nesta segunda-feira por causa de declarações que irritaram o Parlamento, que ainda mantém a ameaça de retardar a aprovação de um orçamento extraordinário de 52,7 bilhões de dólares.
O novo orçamento será necessariamente aprovado até meados de dezembro, mas o Partido Democrático, que comanda o governo e tem maioria Parlamentar, gostaria de antecipar a medida, a fim de estimular a recuperação econômica do Japão.
Partidos da oposição vinham pedindo a demissão de Yanagida por causa de declarações que, segundo críticos, faziam pouco caso das deliberações parlamentares.
Em encontro com partidários, na semana passada, Yanagida disse:
"Quando um ministro da Justiça não sabe o que dizer durante deliberações no Parlamento, ele somente precisa se lembrar de duas coisas. Uma dela é: "Não vou comentar sobre casos específicos". A outra: "Nós estamos analisando o assunto de acordo com a lei e as evidências."
O caso da gafe do ministro cria constrangimentos para um governo que não chega a 30 por cento de aprovação popular.
Uma pesquisa do jornal Mainichi, publicada nesta segunda-feira, mostrou aprovação de apenas 26 por cento ao primeiro-ministro Naoto Kan, no cargo há cinco meses. Em relação à pesquisa de outubro, a queda é de 23 pontos percentuais.
"As dificuldades para aprovar projetos como o orçamento suplementar estão relacionados à divisão do Parlamento, e isso não deve mudar com a adição ou subtração de um ministro", disse Nicholas Smith, da corretora de títulos MF Global FXA Securities, em Tóquio.
Apesar da renúncia do ministro, o Partido Liberal Democrático (PLD, oposição) rejeitou o pedido do Partido Democrático para votar o orçamento suplementar no Senado já na quarta-feira, segundo a agência de notícias Kyodo.
O PLD, segundo uma fonte partidária, pretende aprovar uma moção de censura contra o chefe de gabinete do governo e o ministro dos Transportes. "Os membros do gabinete de Kan, e não só Yanagida, não entendem a seriedade do que dizem", afirmou o secretário-geral do PLD, Nobuteru Ishihara, a jornalistas.
A Câmara dos Deputados já aprovou a nova lei orçamentária. Por isso, ela entrará em vigor dentro de no máximo 30 dias, mesmo que seja rejeitada no Senado. A aprovação no Senado apenas aceleraria sua implementação.
O objetivo do novo orçamento é estimular o crescimento, num momento em que pacotes anteriores vêm perdendo efeito, e a valorização do iene prejudica a competitividade empresarial.