O ministro português de Cultura, João Soares, de 66 anos, apresentou nesta sexta-feira (8) sua renúncia após o escândalo provocado por uma mensagem que publicou no Facebook sugerindo dar bofetadas em dois jornalistas de um jornal português.
“Torno público que apresentei esta manhã ao senhor primeiro-ministro, António Costa, a minha demissão do XXI Governo Constitucional. Faço-o por razões que têm a ver com a minha profunda solidariedade com o Governo e o primeiro-ministro, e o seu projeto político de esquerda”, declarou em um comunicado publicado pela agência de notícias portuguesa Lusa.
João Soares escreveu na quinta-feira em sua página do Facebook que “salutares bofetadas” fariam bem aos dois jornalistas, em reação a um editorial crítico à política publicada um dia antes no jornal de referência português Público.
As reações na rede não demoraram a chegar e os internautas enviaram mensagens como “A liberdade de expressão é um direito” ou “Renuncie, a cultura deste país tem vergonha de você”.
Em meio às críticas, João Soares, filho do ex-presidente português Mário Soares, acabou se desculpando horas mais tarde: “Sou um homem pacífico, nunca bati em ninguém”, declarou, acrescentando que se limitou a reagir a um “ataque pessoal insultuoso, com uma figura de estilo de tradições queirosianas”.
“Se ofendi alguém peço desculpa”, disse.
O primeiro-ministro, António Costa, se pronunciou na noite de quinta-feira pedindo perdão aos dois jornalistas, Augusto Seabra e Vasco Pulido Valente, e chamou a atenção de seu ministro da Cultura.
“Nem à mesa do café (os ministros) se podem deixar de se lembrar que são membros do Governo e portanto devem ser contidos na forma como expressam as suas emoções”, comentou.
No editorial que provocou a ira do ministro, Augusto Seabra havia escrito: “A nomeação de João Soares para ministro da Cultura foi uma surpresa que permanece inexplicável, já que passados quatro meses não afirmou uma linha de ação política, tão-só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria”.
João Soares, prefeito de Lisboa entre 1995 e 2002, é o primeiro ministro que renuncia do governo socialista, que entrou em funções no fim de novembro.
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