Armados com estilingues, manifestantes lançam pedras nos policiais que tentam conter o protesto no Cairo. Ontem, o clima de violência arrefeceu| Foto: Asmaa Waguih/Reuters

Repercussão

Comissária da ONU pede que governo do Egito não use força excessiva.

Garantia

A alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navi Pillay, pediu ontem que o governo de Mohamed Mursi tome medidas urgentes para garantir que as forças do governo não usem força desproporcional ou excessiva contra os protestantes.

Ilegal

Segundo Navi, tais medidas são ilegais e podem tornar a situação ainda mais complicada. Pillay mostrou preocupação sobre o aumento da violência e o crescente número de mortos.

Porém

"Ao mesmo tempo, é inaceitável e um abandono de dever não intervir quando protestantes estão sendo atacados por bandidos e quando mulheres estão sendo estupradas e abusadas sexualmente", disse a comissária.

Hotel

Várias pessoas foram presas ontem, sob a acusação de terem invadido o hotel Semiramis Intercontinental e tentado saquear o estabelecimento. A invasão teria acontecido durante a madrugada e causou pânico entre os hóspedes. Segundo a agência EFE, muitas pessoas estavam dentro dos quartos, tentando se proteger dos conflitos que aconteciam na rua.

Roubo

A confusão perto do Semiramis Intercontinental teria começado quando os homens – que usavam máscaras – tentavam roubar os caixas eletrônicos que estavam fora do hotel. Eles teriam então tentado invadir o edifício e foram detidos por forças de segurança.

Fonte: Folhapress.

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No primeiro dia de relativa tranquilidade no Egito desde a última sexta-feira – quando tiveram início os conflitos que deixaram pelo menos 52 mortos no país –, o chefe das Forças Armadas egípcias, general Abdul Fattah el-Sisi, afirmou que a turbulência política já ameaça a integridade do Estado.

"A continuação da luta das diferentes forças políticas (...) poderá levar ao colapso do Estado", declarou Sisi em um comunicado na página oficial do Exército no Facebook.

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Também ministro da Defesa do presidente islamita Mohamed Mursi, o general prometeu que as Forças Armadas vão continuar a ser o bloco "sólido e coeso" sobre o qual o Estado se assenta.

A nota gerou temores de que o Exército – a mais forte das instituições egípcias, com participação decisiva na segurança e na economia e subsídio direto dos EUA – esteja planejando retomar o poder que manteve por seis décadas, inclusive depois da queda do ditador Hosni Mubarak.

Para analistas, porém, a intenção de Sisi é apenas deixar claros a preocupação das Forças Armadas com a violência e o seu apoio a Mursi – presidente que integrou a Irmandade Muçulmana, banida sob Mubarak, e recebeu o poder das mãos da Junta Militar após ser eleito em 2012.

"Os egípcios estão realmente alarmados com o que está acontecendo. Mas não acredito que [a nota] seja um sinal de que os militares estão prestes a reassumir as rédeas do governo", disse o analista político egípcio Elijah Zarwan à agência Reuters.

Ontem, em novo aceno aos opositores, o governo anunciou a formação de comissão para estudar as emendas à nova Constituição egípcia. A Carta é criticada por manifestantes e grupos liberais, para os quais sua redação foi monopolizada pelos islamitas.

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Segundo o porta-voz da Presidência, Yasser Ali, a comissão terá dez membros, sendo cinco juristas e cinco políticos de diversas tendências – incluindo, diz o governo, setores da oposição que rejeitaram o convite de Mursi a um "diálogo nacional".

O presidente egípcio deve viajar hoje à Alemanha, onde está previsto encontro com a chanceler Angela Merkel.

Ontem, no Cairo, a polícia voltou a dispersar com gás lacrimogêneo manifestantes munidos de pedras perto da Praça Tahrir. Mas os choques foram menos violentos que os dos dias anteriores, e veículos circularam pela região.