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Os ministros de Educação e Cultura do Peru, Patricia Correa e Jair Pérez, renunciaram a seus cargos nesta sexta-feira (16), apenas seis dias após tomarem posse, devido à resposta das autoridades às manifestações contra o governo, nas quais morreram 18 pessoas, sendo dez nas últimas 24 horas.
“Nesta manhã, apresentei minha carta de renúncia como ministra de Estado da pasta da educação. Não há nenhuma justificativa para a morte de nossos compatriotas. A violência do Estado não pode ser desproporcional e gerar morte”, escreveu Correa no Twitter, além de compartilhar a carta enviada à presidente do país, Dina Boluarte.
Por sua vez, Pérez enviou outra carta - divulgada na imprensa peruana - na qual sustenta que “os lamentáveis acontecimentos ocorridos no país resultaram na perda irreparável de irmãos e irmãs, tornando insustentável minha permanência no governo”.
O Peru vive uma crise que atingiu seu ponto mais alto até agora no último dia 7, depois do fracasso do autogolpe tentado pelo então presidente Pedro Castillo, o que levou o Congresso a destituí-lo do cargo.
A vice-presidente, Dina Boluarte, assumiu então a presidência, o que levou a protestos que se multiplicaram no último domingo.
Na terça-feira (13), ao visitar no hospital uma jovem ferida nas manifestações, Boluarte afirmou que deu instruções às forças de segurança para que não utilizem armas letais nem balas de borracha.
“Já dei as instruções necessárias ao ministro do Interior para identificar as pessoas que usaram essas armas que estão ferindo nossos irmãos e irmãs. Assim que forem identificados, o peso da lei recairá sobre os responsáveis”, disse a nova presidente, que também criticou a violência dos manifestantes.
“Todas as pessoas têm o direito de protestar, mas gerar vandalismo, queimar hospitais, ambulâncias, delegacias, tomar aeroportos, isso não é uma marcha de protesto normal, já está chegando a extremos”, afirmou.
Antecipação das eleições rejeitada
O Congresso do Peru rejeitou nesta sexta-feira um projeto de lei para antecipar as eleições gerais no país para dezembro de 2023.
O projeto de lei, apresentado pelo presidente da Comissão de Constituição da casa, o fujimorista Hernando Guerra, recebeu 49 votos a favor, 33 contra e 25 abstenções. Para ser aprovado, tinha que ter recebido o apoio de 87 congressistas.