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Programa Espacial

Missão à Lua expõe as crescentes ambições espaciais da Índia

Chandrayaan-2 Índia
O lançamento do Chandrayaan-2 está previsto para coincidir com o 50º aniversário da Apollo 11 (Foto: Reprodução/Organização Indiana de Pesquisa Espacial)

A Índia planeja embarcar em sua mais complexa odisseia espacial com o lançamento de sua segunda missão à Lua, a Chandrayaan-2, que levará não apenas uma sonda lunar, mas também a crescente ambição do país no espaço. O objetivo é pousar no desconhecido polo sul da Lua, uma região crucial, já que existe a possibilidade da presença de água e crateras que contêm registros fósseis do sistema solar primitivo.

O lançamento estava previsto para esta segunda-feira (15), coincidindo com o 50º aniversário do lançamento da Apollo 11, mas foi adiado por um problema detectado no sistema do veículo de lançamento - uma nova data deve ser anunciada em breve.

Chaitanya Giri, pesquisadora do programa de estudos espaciais e oceânicos do Gateway House, centro de estudos em Mumbai, disse que, se a missão for concluída com sucesso, este pode ser o primeiro pouso de qualquer espaçonave no polo sul lunar. Também permitirá uma melhor compreensão da Lua e "beneficiará a Índia e a humanidade como um todo", de acordo com a Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO, na sigla em inglês). O chefe do projeto, K. Sivan, disse à NDTV que a descida de 15 minutos de Vikram "será o momento mais aterrorizante, já que nunca realizamos uma missão tão complexa".

A missão possui em um lander (aterrissador) chamado Vikram, homenagem ao primeiro chefe da organização espacial da Índia, e um rover (veículo de exploração espacial) chamado Pragyan, que significa "sabedoria" em sânscrito.

A primeira missão espacial do país, Chandrayaan-1, lançada em 2008, foi fundamental para a descoberta de água na superfície lunar.

"Vigoroso programa espacial"

O programa espacial da Índia começou no início dos anos 1960, mas ganhou novo destaque durante o governo do primeiro-ministro Narendra Modi. O líder nacionalista conquistou a reeleição em maio, depois de uma campanha centrada na segurança e na retórica patriótica, inclusive promovendo o programa espacial como um símbolo da crescente estatura internacional do país e um baluarte de suas capacidades de defesa.

E a missão lunar não é a única no horizonte. Em 2022, a agência espacial indiana planeja enviar uma missão tripulada a Marte. Em 2014, o país enviou com sucesso um orbitador não tripulado ao planeta vermelho.

"A Índia começou a tomar decisões que farão desse país uma grande potência espacial", escreveu Mark Whittington, autor de dois estudos de exploração espacial. Para ser um ator importante no cenário mundial, a Índia percebeu que precisava de um "vigoroso programa espacial", disse ele.

Em março, Modi fez um súbito pronunciamento, televisionado nacionalmente, para divulgar que a Índia havia se tornado o quarto país do mundo a derrubar um satélite de órbita baixa com um míssil - uma capacidade avançada de defesa que só Estados Unidos, China e Rússia têm. A novidade veio em um momento de grande tensão com o vizinho arquirrival Paquistão, e analistas de segurança viram a iniciativa como uma mudança significativa na política indiana. O teste, no entanto, desagradou a Nasa, que o classificou como "inaceitável", uma vez que os detritos poderiam prejudicar a Estação Espacial Internacional.

Os críticos das aspirações espaciais da Índia questionam se um país em desenvolvimento pode gastar milhões em exploração espacial. Vikram Sarabhai, considerado o pai do programa espacial do país, disse em resposta que "para desempenhar um papel significativo a nível nacional e na comunidade das nações", a Índia precisa aplicar "tecnologias avançadas aos problemas reais do homem e da sociedade".

Custo-benefício

Por outro lado, há quem destaque a relação custo-benefício das explorações espaciais da Índia em comparação com as dos Estados Unidos.

O primeiro satélite que a Índia enviou à Marte custou menos do que o orçamento do filme espacial "Gravidade" (Alfonso Cuarón), de 2013. Com US$ 141 milhões, o custo da atual missão lunar é bem menor do que os US$ 25 bilhões gastos na missão Apollo. Na Índia, tanto as missões de Marte quanto as missões lunares somam menos do que os US$ 408 milhões gastos na construção de uma estátua gigante de um líder indiano da era da liberdade. Em uma imagem famosa de 1981, a Índia exibiu seu primeiro satélite de comunicação, o Apple, em um carro de boi.

A Índia aumentou seus gastos orçamentários no espaço em 11% este ano, chegando a US$ 1,8 bilhão - uma cifra ainda muito menor do que a investida pelos Estados Unidos ou pela China.

Especialistas dizem que o foco da Índia em seu programa espacial reflete as aspirações de sua população jovem. De acordo com Giri, a inovação científica, a invenção de novas tecnologias e o desenvolvimento de uma força de trabalho altamente qualificada podem ajudar a Índia a se tornar uma economia de US$ 5 trilhões até 2024, uma meta que o governo de Modi disse que tentará alcançar.

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