Com a missão de ver se o governo sírio está respeitando o plano de paz definido no mês passado, um novo grupo de 50 observadores e 10 representantes do secretariado da Liga Árabe chegou ontem à Síria, no mesmo dia em que as forças de segurança leais ao regime enfrentaram, com tanques blindados, opositores que pediam a saída do ditador Bashar Assad nas ruas da cidade de Homs.
De acordo com números divulgados pela oposição e por grupos de direitos humanos, pelo menos 25 pessoas morreram ontem em ataques ocorridos horas antes da chegada dos monitores da Liga Árabe.
Segundo o Conselho Nacional Sírio (CNS), os observadores chegaram a Homs, cidade a cerca de 160 km de Damasco, por volta das 20h, mas não conseguiram trabalhar. "Eles declararam que não puderam ir aos lugares onde as autoridades não querem a presença deles", disse o presidente interino do CNS, Burham Ghaliun.
Para Waleed al-Bunni, um dos membros da oposição ao governo, os acordos são uma farsa. "Eu realmente duvido que o regime sírio permitirá que observadores façam o seu trabalho", disse.
A oposição também critica a escolha do chefe da missão de observação, o general sudanês Mustafa al-Dabi, que chegou a Damasco no sábado. Segundo a organização americana de direitos humanos Enough Project, ele é acusado de crimes de guerra.
Além de visitas a várias cidades, os enviados da Liga Árabe tentarão acordos com Assad envolvendo a retirada das forças de segurança e de armas pesadas das ruas, o diálogo com os líderes da oposição e a permissão da entrada no país de ativistas de direitos humanos e jornalistas.
Das mortes ocorridas ontem, ao menos 15 foram registradas na província de Homs, um dos principais focos da repressão do regime em nove meses de manifestações e cenário de confrontos violentos entre o Exército e soldados desertores.
"O [distrito de] Baba Amr [em Homs] está sendo exposto ao ataque feroz de metralhadoras pesadas, veículos blindados e morteiros", disse em comunicado o grupo opositor Observatório Sírio para Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres. "A situação é alarmante e o bombardeio é mais intenso que nos últimos dias".
Partes de Homs são defendidas pelo grupo Exército da Síria Livre, formado por desertores das Forças Armadas, que dizem que tentam estabelecer áreas de acesso proibido, para proteger os civis.
Segundo uma fonte não identificada citada pela agência de notícias Reuters, o grupo de monitores da Liga Árabe deve começar sua missão visitando a cidade de Homs hoje. A delegação deve ir também a Damasco, Hama e Idlib.