Com o cessar-fogo na Síria ameaçado pela continuação da violência, a porta-voz do regime de Bashar Assad indicou ontem que a missão de observadores da ONU ficará sob o controle do governo.
A chegada ao país dos primeiros observadores estava prevista para hoje, em meio a relatos de que forças sírias retomaram a ofensiva contra focos rebeldes na cidade de Homs (centro-oeste).
A segurança dos monitores não poderá ser garantida a menos que o governo esteja envolvido a cada passo, disse a porta-voz do regime, Bothaina Shabaan.
A duração do trabalho dos observadores e as prioridades de seus movimentos serão decididos em coordenação com o governo sírio, disse ela.
A possível restrição aumenta as dúvidas em torno ao frágil cessar-fogo intermediado pelo enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, em vigor desde quinta-feira.
"Desde a sexta-feira os ataques foram retomados e estão crescendo. Qual cessar-fogo? Acontece uma explosão a cada cinco ou seis minutos", disse um ativista, morador de Homs e identificado como Yazan.
Aprovada no sábado pelo Conselho de Segurança da ONU, a missão de observadores deve começar a trabalhar hoje com contingente avançado de 6 homens que deve chegar a 30 nos próximos dias.
Uma missão semelhante, da Liga Árabe, fracassou no início do ano devido às restrições impostas aos seus observadores e à continuação da violência.
Mortes
Em 13 meses de revolta popular contra o regime, mais de 9 mil civis foram mortos, estimam as Nações Unidas. Horas antes da chegada dos monitores, a trégua parecia caminhar para o colapso.
Segundo ativistas da oposição, os bombardeios em Homs mataram ontem entre 4 e 11 pessoas. A agência estatal de notícias da Síria, Sana, disse que os insurgentes sequestraram em Hama o cidadão Osama Qaddour, de 28 anos. Horas mais tarde, ele foi morto a tiros em uma casa na cidade de Al-Rastan e teve o corpo mutilado. A Sana também disse que encontrou neste domingo o corpo de uma mulher, Aber Ibrahim, em um campo em Hama. Ele foi morta com um tiro na cabeça. Na província de Deraa, ainda segundo o governo, "terroristas" dispararam vários tiros contra um guarda de 60 anos, que "morreu imediatamente".
O regime voltou a acusar grupos terroristas e se disse no direito de responder à violência.
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