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O general Abdourahamane Tchiani, que assumiu o poder no Níger após o golpe militar
O general Abdourahamane Tchiani, que assumiu o poder no Níger após o golpe militar| Foto: EFE

Uma missão diplomática de membros da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) foi ao Níger e não conseguiu garantir a libertação e volta ao cargo do presidente deposto por um golpe militar, Mohamed Bazoum, aumentando o risco de uma intervenção militar do grupo no país.

A delegação foi embora mais cedo do que o previsto, após não conseguir se encontrar com Bazoum, nem com o atual líder golpista do Níger, o general Abdourahamane Tchiani, em Niamey, a capital do país.

O general Abdulsalami Abubakar, ex-chefe de Estado da Nigéria, liderou a missão diplomática que se dirigiu até o Níger na tentativa de negociar pacificamente a volta de Bazoum ao posto de líder do país. A Cedeao deu um prazo, que vence neste domingo (6), para que os golpistas do Níger devolvam o poder para Bazoum. Caso contrário, o bloco deverá considerar uma intervenção militar no país.

Chefes militares regionais têm frequentemente se reunido em Abuja, capital da Nigéria, para discutir a possibilidade dessa intervenção militar diante da escalada da crise no Níger.

“Os chefes do Estado-Maior da Defesa e a sua equipe têm trabalhado incansavelmente na elaboração de um plano de operações para uma possível intervenção militar na República do Níger, a fim de restabelecer a ordem constitucional e garantir a libertação do presidente detido”, declarou nesta sexta-feira (4) Abdel-Fatau Musah, comissário de Assuntos Políticos, Paz e Segurança da Cedeao.

Na noite desta quinta-feira (3), a junta que liderou o golpe revogou cinco acordos de cooperação militar com a França, que mantinha soldados no Níger para combater grupos islâmicos insurgentes. A França rejeitou a decisão da junta do Níger, enfatizando que apenas a liderança "legítima" do país tem o direito de revogar acordos militares bilaterais.

O Níger também suspendeu as transmissões dos meios de comunicação internacionais financiados pelo Estado francês, France 24 e RFI.

A crise no Níger tem gerado um forte sentimento anti-francês na região, enquanto a presença russa, em grande parte por meio do grupo mercenário Wagner, tem aumentado. Bazoum alertou que a influência russa, representada pelo grupo Wagner, poderia se expandir na região do Sahel, com graves repercussões.

O país, que desempenhou um papel importante nas estratégias ocidentais para combater a insurgência jihadista no Sahel, está enfrentando uma crescente instabilidade política, com líderes do golpe desafiando tanto os ex-apoiadores ocidentais quanto a Cedeao.

Em um artigo para o jornal americano The Washington Post, publicado nesta quinta-feira, o presidente deposto, Mohamed Bazoum, fez um apelo ao governo dos Estados Unidos e à comunidade internacional para ajudar a “restaurar a ordem constitucional” no país.

Bazoum afirmou que os vizinhos do Níger estão cada vez mais convidando os “criminosos mercenários russos, como o grupo Wagner, às custas dos direitos e da dignidade de seu povo”.

Com a situação no Níger se deteriorando rapidamente, a possibilidade de uma intervenção militar estrangeira se torna extremamente provável. O Níger se juntou ao Mali, Guiné-Conakri e Burkina Faso como o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar nos últimos anos.

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