Um míssil interceptador SM-3 é lançado do destróier USS John Finn durante teste realizado em 16 de novembro.| Foto: U.S Department of Defense Missile Defense Agency
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No raiar do dia 17 de novembro, enquanto os americanos dormiam, a marinha americana e a Missile Defense Agency (Agência de Defesa contra Mísseis, em tradução livre) conseguiram abater um míssil balístico intercontinental utilizando o Navy's Standard Missile SM-3 Block IIA, um interceptador lançado por um destróier da marinha. É um grande sucesso para a defesa do território americano, por muitos motivos.

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Até pouco tempo atrás, os Estados Unidos haviam testado sua capacidade de defender seu território contra mísseis intercontinentais apenas por meio de bases em terra firme. O sistema utilizado, baseado em 44 bases localizadas no Alasca e na Califórnia, interceptava mísseis enquanto voavam pelo espaço, antes de reentrarem na atmosfera terrestre.

Faz parte da política externa americana se defender contra a ameaça de nações inimigas - como a Coréia do Norte, que tem avançado suas tecnologias nucleares como forma de ameaçar os Estados Unidos, e potencialmente o Irã, que continua a melhorar suas capacidades nucleares e de mísseis balísticos.

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Terrence O'Shaughnessy, General e ex-comandante do U.S. Northern Command (comando responsável pela defesa do território americano em caso de invasão), assegurou ao Senado que o atual sistema terrestre de defesas é capaz de defender a ameaça norte-coreana nos dias de hoje - mas não há garantias sobre o futuro.

Dois fatores são responsáveis por essa incerteza:

O primeiro diz respeito aos claros avanços das ameaças coreanas. Basta relembrar a recente exibição do novo míssil de alcance intercontinental em um desfile militar no mês passado. Mas não sabemos muito além disso. Quão fortes estarão os mísseis norte-coreanos em 5 anos? Até que ponto os norte-coreanos podem ter poder de fogo suficiente para superar as 44 bases terrestres interceptadoras hoje existentes?

O segundo relaciona-se à incerteza quanto ao futuro das bases terrestres. O Pentágono tem desenvolvido programas para a próxima geração de interceptadores: seriam 66 e substituiriam os atuais 44, que estão velhos.

A Missile Defense Agency almeja lançar mão dos novos interceptadores até 2028, mas seria ingenuidade acreditar que um programa dessa magnitude estaria livre de riscos de atrasos.

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É aí que entra o Interceptador SM-3 Block IIA. Em seu orçamento para o ano de 2020, o Pentágono propôs o desenvolvimento de uma "subcamada" para defesa do território americano - uma segunda leva de interceptadores capazes de abater mísseis caso o atual sistema terrestre se mostra insuficiente. O Interceptador SM-3 Block IIA, criado para interceptar mísseis balísticos intercontinentais, pode ser lançado de destróieres equipados com o sistema Aegis ou sistemas terrestres de defesa igualmente equipados.

A Missile Defense Agency e a Marinha conseguiram extraordinário feito com essa interceptação, sendo a primeira vez que um interceptador lançado por navio conseguiu abater um míssil de longo alcance. A Heritage Foundation (think-tank conservador norte-americano) foi uma das primeiras a recomendar o uso do SM-3 contra mísseis balísticos intercontinentais (MBIs), tendo o feito em 2011.

Se o interceptador SM-3 Block IIA for efetivo na defesa contra MBIs, então os Estados Unidos poderão utilizá-lo como  um "hedge" contra ameaças ao território americano. O teste bem-sucedido da terça-feira é o primeiro passo para que essa capacidade possa ser operacionalizada.

Após passar por essa primeira etapa contra um MBI simples, a Missile Defense Agency pode começar testes contra MBIs mais complexos, armados com chamarizes ou outros mecanismos de defesa.

A próxima administração [presidencial] terá que responder muitas perguntas sobre a utilização do SM-3 para defender o território americano. Seu uso pode ser tão simples quanto o envio de navios equipados com Aegis e esses interceptadores para o Pacífico, caso uma agressão norte-coreana esteja borbulhando.

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Além de prover defesa extra ao povo americano contra um ataque norte-coreano, a presença desses navios pode aumentar nos inimigos o receio de atacar. Ao diminuir as chances de sucesso de um ataque [aos EUA], a presença das defesas antimísseis complica ainda mais os cálculos que os adversários precisariam fazer, forçando países como a Coreia do Norte a pensar duas vezes antes de apertarem o botão nuclear.

A próxima administração também pode querer estabelecer bases terrestres para que o país tenha capacidade permanente de defesa por meio de interceptadores SM-3 Block IIA. Essa alternativa de longo prazo pode exigir mais recursos e esforços por parte do Pentágono: ele teria o ônus de "mostrar os cálculos" aos membros do Congresso, que precisarão saber quantas bases terrestres precisariam ser construídas, além de onde.

Esse teste pode provocar reclamações da China e Rússia, que afirmariam que o avanço das tecnologias antimísseis americanas pode colocar em xeque a Doutrina Militar de destruição mútua assegurada. Essas acusações devem ser descartadas como tolices.

Apesar de seu poderio, uma frota de interceptadores SM-3 é simplesmente incapaz de defender os EUA dos arsenais russos e chineses, que, sozinhos, podem destruir os Estados Unidos. Especialmente enquanto Rússia e China, hipocritamente avançam seus próprios interceptadores, os EUA não podem deixar que esses países ditem sua busca por melhores sistemas de defesa contra a Coréia do Norte.

Enquanto a transição para um novo governo se inicia, o sistema de defesa do território americano deve se manter uma prioridade. Com o sucesso desse teste, o interceptador SM-3 Block IIA se coloca como uma forma adicional de segurança na busca por um sistema ainda mais forte de defesa do território americano.

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© 2020 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.