A sonda Dawn (em representação à esq.) examinará Ceres; já a New Horizons, em foto de 2006, está fotografando Plutão| Foto: george shelton/nasa; nasa; gary i. rothstein/european pressphoto

Pequeno e redondo, ele já foi um planeta, mas agora é considerado diminuto demais para isso. Em março, uma nave da Nasa chegará lá para fazer o primeiro exame de planeta anão a curta distância.

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Não se trata de Plutão, e sim de Ceres, com 965 km de diâmetro, o maior dos asteroides presentes entre Marte e Júpiter.

"Revelaremos os detalhes fascinantes de um gigantesco mundo de rocha e gelo", disse Marc Rayman, engenheiro-chefe da sonda Dawn (aurora), da NASA.

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Posteriormente, Plutão, um planeta anão de maior dimensão, também será observado de perto, quando a sonda New Horizons, também da Nasa, passar por lá.

Espera-se que as missões revelem pistas das origens do Sistema Solar. Elas ainda reacenderão o debate sobre o que é um planeta.

A fase de encontro da missão New Horizons começou em 15 de janeiro, 180 dias antes da sua maior aproximação com Plutão.

A sonda, lançada em 2006 para uma viagem de 4,8 bilhões de quilômetros até esse corpo celeste, já começou a fotografá-lo.

O rebaixamento de Plutão da categoria dos planetas, em 2006, tornou difusas as noções sobre o que constitui um planeta. A União Astronômica Internacional, responsável pela nomenclatura, inventou uma categoria, a dos planetas anões, para classificar Plutão e Eris, um objeto descoberto há uma década.

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Na mesma época, Ceres foi "promovido" de asteroide a planeta anão. De forma confusa, porém, a instituição decretou que os planetas anões não eram planetas.

S. Alan Stern, o pesquisador-chefe para a New Horizons, considera a atual definição estúpida. "Eles erraram feio", disse.

Marc Buie, integrante da equipe da New Horizons, concorda com Stern, mas gostaria que essa polêmica acabasse. "Você precisa deixar para trás o muro dessa questão não científica antes de chegar às coisas boas", disse ele.

E há uma abundância de coisas boas para os cientistas descobrirem. Por que Plutão, que tinha uma tonalidade avermelhada constante desde que foi avistado pela primeira vez por Clyde Tombaugh, em 1930, de repente ficou mais vermelho entre 2000 e 2002?

Quantas luas orbitam Plutão? Durante décadas, os astrônomos sabiam de apenas uma, Caronte, mas o Telescópio Espacial Hubble já flagrou outras quatro: Hidra, Nix, Estige e Cérbero.

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Buie disse que a mudança de cor pode decorrer do fato de o polo norte de Plutão estar agora continuamente sob a luz do sol, queimando o seu verniz brilhante. Nem mesmo para o tamanho de Plutão existe resposta precisa.

Buie disse que as estimativas acerca do seu diâmetro variam de 2.300 a 2.340 quilômetros. "Estou interessado em ver cada resultado, cada medição, cada byte de informação que vai sair dessa sonda", disse Buie.

Quando foi descoberto, em 1801, Ceres foi adicionado à lista de planetas. Nos seis anos seguintes, outros três objetos foram avistados na região —Palas, Juno e Vesta.

Como os astrônomos descobriam cada vez mais corpos, acharam que seria ridículo chamar todos eles de planetas. As rochas então se tornaram asteroides.

Quase ninguém se importou muito com o fato de Ceres ser redondo, e mesmo assim não ser um planeta, até que o redondo Plutão se tornou um não planeta.

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A noção comum de planeta é "uma coisa grande orbitando o Sol". A União Astronômica Internacional tentou regulamentar o quesito "grande", afirmando que um planeta pleno "limpou [com sua gravidade] a vizinhança em torno da sua órbita", ao passo que para um planeta-anão basta ter gravidade suficiente para lhe conferir um formato arredondado.

Mas mesmo os que aprovam a noção subjacente à cláusula de "limpar a vizinhança" admitem que o órgão não explicou direito.

"[A regra] tenta ser correta, mas foi escrita de forma terrível", disse o astrônomo Michael Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, responsável pelo descobrimento de Eris, o que culminou no rebaixamento de Plutão.

Stern e Christopher Russell, pesquisador-chefe da missão Dawn, se voltam mais para as propriedades intrínsecas do que para as interações gravitacionais.

Vesta, estudado pela Dawn, tem algumas características de planeta, embora seu formato se assemelhe mais a uma batata do que a uma esfera. "Se toda a comunidade científica começar a se referir a Vesta, Ceres e Plutão como planetas, então todos acabarão acompanhando", disse Russell.

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Muitos fãs de Plutão defendem a eliminação da exigência de "limpar a vizinhança". Isso daria o status planetário a Plutão, Ceres e dois outros mundos gelados descobertos por Brown além de Netuno – Haumea e Makemake.

Stern vai mais longe. Se um planeta se define por suas propriedades físicas, então qualquer coisa redonda que não seja uma estrela é um planeta. "Alguns deles orbitam outros planetas", afirmou. "Aceite isso."