No dia 27 de outubro, a modelo australiana Essena O’Neill, de 18 anos, eliminou mais de 2 mil fotos que havia compartilhado no Instagram, rede social que a mantém conectada com os mais de 712 mil seguidores. A publicação de apenas uma imagem patrocinada (com uma roupa de determinada marca, por exemplo) lhe rendia milhares de ‘likes’, uma infinidade de comentários e, monetariamente, o equivalente a R$ 5 mil. Mas, “isso não é a vida real. Somos a geração da lavagem cerebral”, decretou.
Quase instantaneamente, outras celebridades das redes sociais se armaram com respostas à afirmação de Essena. A hashtag #Iamreal (“eu sou real”) ficou nos trending topics (assuntos mais comentados nas redes) mundiais por alguns dias. “Mídia social deve ser usada da forma que a pessoa quer. Permitir se mostrar em uma vida falsa que o deixa desconfortável é resultado de suas ações e intenções”, se defendeu o youtuber norte-americano Zack James.
Fascínio mórbido por fantasmas toma conta de noruegueses
Como muitos europeus, Marianne Haaland Bogdanoff, que gerencia uma agência de viagens em Moss, no sul da Noruega, não vai à igreja, exceto talvez no Natal, e tem dúvidas quanto à existência de Deus.
Leia a matéria completaA curiosa história da australiana despertou a atenção por fazer parte de um coro ainda tímido de jovens que estão deixando para trás a busca de aceitação nas redes sociais. E ela quer liderar este movimento. Essena trocou as postagens nas comunidades virtuais e investiu em um site, Let’s Be Game Changers (“Vamos ser quem vira o jogo”), no qual ajuda outros jovens a se livrar da necessidade de curtidas e comentários.
“Passei a maior parte da minha vida viciada nas redes sociais, na aprovação social, no status social e em minha aparência física. Era consumida por isso. Como podemos nos dar conta de nossos próprios talentos se não paramos de prestar atenção nos outros?”, filosofou em sua última postagem.
No seu novo site, a maioria das postagens são vídeos em que Essena fala de seus sentimentos e novos princípios, como veganismo e defesa do meio ambiente. “Tenho apenas de lembrar-me que só quero ser eu mesma, não ser vista através dos olhos das outras pessoas. É quase como acordar e tentar ser transparente”, disse ao programa norte-americano Today Show.
Valores pouco relacionados aos que a levaram ao estrelato virtual, onde cada foto era meticulosamente planejada. Algumas, desenhadas para capitalizar. “Ganhava facilmente 1.300 euros [R$ 5.200] por um post. Com meio milhão de seguidores soube que muitas marcas pagavam 1.800 euros [7.200 reais] por uma imagem. Mas esta fotografia não tem conteúdo. Tenham cuidado com o que as pessoas promovem e perguntem a si mesmos: ‘Qual é a intenção por trás da foto?’, disse a australiana ao El País.
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