Yangun Milhares de monges presos durante a repressão aos protestos do últimos dias em Mianmar serão mandados para prisões isoladas no extremo norte do país, anunciaram ontem fontes citadas pela rede britânica BBC.
Cerca de 4 mil monges foram presos na semana passada durante manifestações contra a junta militar que governa Mianmar(antiga Birmânia) desde 1962. A maioria encontra-se atualmente na cidade de Yangun, a maior do país, mas deverá ser levada para centros de detenção afastados, disseram membros da junta militar.
Ainda segundo as fontes, os religiosos foram despidos e algemados, e alguns fazem greve de fome. Os monges são amplamente venerados em Mianmar, e abusos contra eles podem gerar fortes reações na sociedade birmanesa.
A onda de protestos pró-democracia que chacoalhou este isolado país asiático teve como estopim a elevação do preço nos combustíveis, em 19 de agosto. Os reflexos da medida foram sentidos nos itens da cesta básica pela população, agravando o sentimento de revolta entre as pessoas.
Esses são os maiores protestos contra a junta militar de Mianmar em quase 20 anos. Em 1988, cerca de 3 mil birmaneses foram mortos em uma manifestação contra o regime liderada por estudantes.
Segundo as autoridades birmanesas, dez pessoas morreram na repressão aos protestos, mas para diplomatas estrangeiros em Yangun e grupos dissidentes, esse número pode chegar a 200.
Enviado da ONU
O general Than Shwe, líder da junta militar que governa o Mianmar, aceitou reunir-se hoje com o enviado da ONU Ibrahim Gambari. O representante chegou ao país no sábado para discutir meios de acabar com a repressão violenta. No domingo, ele encontrou-se com a principal líder da oposição, Aung San Suu Kyi, que é mantida em prisão domiciliar, e com membros da junta. O esperado encontro com Shwe, porém, não ocorreu.