Monitores independentes pediram nesta terça-feira uma fiscalização mais rigorosa das eleições parlamentares do Egito, que está agora no segundo turno das eleições distritais, em que grupos islâmicos rivais tentam ampliar suas conquistas anteriores.
Os salafistas (islamistas mais radicais) conseguiram um surpreendente segundo lugar no primeiro turno da semana passada, atrás da bem organizada Irmandade Muçulmana. Essa é a primeira eleição livre no Egito em mais de seis décadas, e a primeira desde a rebelião popular que encerrou em fevereiro três décadas do governo de Hosni Mubarak.
A eleição terá ainda mais uma etapa, em janeiro, e o processo pode conferir aos políticos islamistas legitimidade para desafiar o domínio dos militares sobre o país. Sob pressão popular, a junta militar egípcia aceitou antecipar em seis meses a transferência do poder a um presidente civil, o que deve ocorrer em meados de 2012.
Mas os grupos islamistas não estão unidos, e dificilmente formarão uma coalizão parlamentar. Assim, os liberais terão espaço para participar do futuro governo e para influir no processo de redação de uma nova Constituição.
O Partido Al Nour (salafista) e o Partido Liberdade e Justiça (PLJ, da Irmandade) disputam cerca de metade das 52 vagas parlamentares a serem decididas na votação de segunda e terça-feira, em distritos onde nenhum candidato obteve mais de 50 por cento dos votos na primeira rodada.
Ao contrário do que ocorreu no primeiro turno, desta vez não há longas filas nas seções eleitorais. Mas a campanha de boca de urna, que é proibida, continua.
"Até agora, não vimos uma medida positiva para limitar esse fenômeno. Ele foi disseminado na primeira etapa, e deveria ter sumido no segundo turno, mas continua visível em frente às seções eleitorais", disse Tarek Zaghloul, gerente-executivo da Organização Egípcia de Direitos Humanos, que participa do monitoramento.
Ele observou também que os partidos estão usando slogans religiosos e disponibilizando ônibus para transportar eleitores - duas práticas proibidas.
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