Monitores da ONU sentiram o cheiro de corpos queimados e viram pedaços de cadáveres ontem ao entrar pela primeira vez na aldeia em que foi relatado o mais recente massacre na Síria.
Um dia após serem barrados por forças sírias, os observadores conseguiram visitar o local onde, de acordo com ativistas da oposição, 78 pessoas foram mortas por milícias leais ao regime. "Dá para sentir o cheiro de queimado dos cadáveres e ver partes de corpos", disse Sausan Ghosheh, porta-voz dos observadores.
Quando finalmente chegaram ontem à aldeia de 140 habitantes na província de Hama (região central), encontraram uma cidade-fantasma.
Repórteres presentes descreveram um cenário de terra arrasada.
Desconhecida do mundo até há poucos dias, a pequena aldeia rural de Mazraat al Qabeer tornou-se o mais recente símbolo da brutalidade que levou as Nações Unidas a alertar para a iminência de guerra civil na Síria.
O conflito se espalhou até a áreas superprotegidas do país, como a capital Damasco, que ontem testemunhou trocas de tiros entre rebeldes e forças do governo. Uma bomba matou quatro soldados perto da capital.
Paul Danahar, repórter da rede britânica BBC que acompanhou os observadores na visita a Qabir, descreveu uma aldeia dizimada. "Não havia ninguém para contar o que aconteceu", relatou.
Um vídeo divulgado pela ONU mostra os observadores caminhando em meio a destroços de casas simples, poças de sangue coagulado e fumaça, enquanto moradores contavam como parentes foram mortos pelo regime.
Os corpos aparentemente foram removidos, segundo o jornalista da BBC.