Um homem de 60 anos, morador de Nova York e naturalizado americano, se declarou culpado de operar como um agente estrangeiro ilegal da China nos EUA.
Segundo um comunicado do Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês), divulgado nesta quarta-feira (18), Chen Jinping esteve envolvido na abertura e operação de uma delegacia de polícia secreta do regime de Pequim, localizada no sul de Manhattan.
“A confissão de culpa responsabiliza o réu por seus esforços descarados para operar uma delegacia de polícia estrangeira não declarada em nome da força policial nacional da RPC - uma clara afronta à soberania americana e um perigo para nossa comunidade que não será tolerado”, disse o procurador-geral assistente Matthew G. Olsen, da Divisão de Segurança Nacional do DOJ.
De acordo com informações divulgadas pelo governo americano, Jinping e o co-réu identificado como “Harry” Lu Jianwang conspiraram como agentes ilegais do Ministério de Segurança Pública (MPS) da China. Além disso, obstruíram a justiça destruindo evidências de suas comunicações com um oficial do MPS.
A delegacia de polícia clandestina foi fechada em 2022, quando agentes do FBI realizaram buscas no local. O espaço ocupava um andar inteiro em um prédio de escritórios na Chinatown de Manhattan.
Na ocasião, os réus tiveram os celulares apreendidos e foram encontrados vários indícios de que havia comunicação entre eles e um oficial do regime chinês, mas que foram apagados.
Os dois acusados confirmaram em interrogatórios do FBI que haviam apagado suas comunicações com o oficial do MPS após saberem sobre a investigação em andamento, impedindo assim os agentes de terem conhecimento total das atividades da delegacia chinesa clandestina em Nova York.
Segundo o comunicado, Chen Jinping enfrenta uma pena máxima de cinco anos de prisão, mas devido à declaração de culpa, conseguiu retirar a acusação de obstrução da justiça contra ele. Já o segundo réu se declarou inocente das acusações e aguarda julgamento.
Outros casos envolvendo a China nos EUA
No ano passado, o Distrito Leste de Nova York apresentou duas acusações federais contra 44 pessoas por supostos crimes contra cidadãos do país asiático residentes na área metropolitana de Nova York e em outros pontos nos EUA.
Dos 44 acusados, 40 são funcionários do Ministério da Segurança Pública chinês e dois trabalham na Administração do Ciberespaço da China.
Segundo o DOJ, os acusados criaram e usaram milhares de contas falsas de redes sociais, incluindo o X, para assediar e fazer ameaças online contra dissidentes chineses.
A ONG espanhola de direitos humanos Safeguard Defenders divulgou um relatório no ano passado que apontou que Pequim tem ao menos 54 “centros de serviço policial no exterior” que ajudam nesse trabalho de perseguição a chineses estabelecidos em outros países. Dois deles ficam no Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro.