O presidente boliviano, Evo Morales, saiu na noite deste domingo (25) para comemorar a vitória no referendo constitucional do país, enquanto a oposição se declarou contra o novo texto. "Entre 2005 e 2009 vamos de triunfo a triunfo; ls neoliberais, os vende-pátrias estão sendo derrotados permanentemente graças à conciência do povo boliviano", declarou Morales em discurso no Palácio Quemado.
Segundo a contagem rápida calculada pelas duas maiores redes privadas de televisão do país, o "sim" venceu com 60% dos votos, contra 40% do "não", em números publicados pela Unitel, e 58,3% a 41,7%, de acordo com a ATB.
Com 34% dos votos apurados, o "sim" tinha 667.914 votos (52,89%), contra 594.880 (47,11%) do "não", segundo a Corte Nacional Eleitoral (CNE).
Segundo o relatório oficial, a participação dos eleitores, que na Bolívia é obrigatória, chega a 91%.
A contagem rápida, considerada confiável, é feita com dados oficiais recolhidos nos centros de votação. Os resultados oficiais, no entanto, só devem ser divulgados nos próximos dias pela Corte Nacional Eleitoral, que realiza a contagem dos votos manualmente.
Antes da votação, Morales afirmava que seu projeto constitucional seria aprovado com mais de 70% dos votos.
Se a nova Carta for de fato aprovada, a Bolívia realizará eleições presidenciais em dezembro deste ano, nas quais Morales poderá se candidatar para um novo mandato de cinco anos.
Oposição
A nova Constituição, porém, foi rejeitada amplamente nos departamentos de Santa Cruz - o mais rico da Bolívia -, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca, onde a governadora já convocou a população a desacatar a legislação de Morales.
"Desacato, desacato, desacato!", convocou a prefeita (governadora) indígena Cuéllar, discursando no balcão da prefeitura de Chuquisaca, na praça de Armas da cidade de Sucre, feudo da oposição, onde milhares de pessoas se reuniram para festejar a vitória do 'não' neste departamento.
Para observadores, o desacato promovido por Cuéllar pode se reproduzir em outras regiões dominadas pela oposição.
Outro prefeito (governador) oposicionista, Mario Cossío, de Tarija, disse neste domingo que, à luz dos resultados, "não será possível aplicar a Constituição, motivo pelo qual pedimos um pacto nacional que permita elaborar um novo processo constituinte".
Antes do referendo, o ex-vice-presidente Víctor Hugo Cárdenas - indígena como Morales e forte opositor do governo - afirmou que "se o 'sim' não conseguir triunfar nos nove departamentos da Bolivia, (o referendo) será ilegítimo e provocará a divisão" do país.
Santa Cruz e Beni, regiões que buscam maior autonomia nacionalmente, tiveram a maior rejeição à reforma (com 65% e 67% dos votos contrários à reforma, respectivamente). A nova Carta, segundo as pesquisas, também foi rejeitada em Tarija e Pando.
Segundo as projeções das pesquisas, a maior parte dos bolivianos também foi a favor do menor limite de área máxima de terras que se pode ser proprietário. A decisão, paralela à votação sobre a Constituição, é de que a maior área que se pode ter é de 5.000 hectares.
Segundo o jornal boliviano "El Diario", a nova Constituição vai substituir a Carta Magna de 1826, que apesar de ter durado quase dois séculos, passou por 17 reformas e teve mais de 100 modificações em detalhes.
O jurista Luis Antezana, que fez o levantamento para o jornal, disse que a Constituição agora deixada para trás é completamente diferente da que vai ser adotada após o referendo.
Votação
As mesas de votação do referendo boliviano para aprovar a nova Constituição do país começaram a encerrar suas atividades às 16h (18h em Brasília) deste domingo (25), dando início imediato à contagem dos cerca de 3,8 milhões de votos.
O processo eleitoral para aprovar ou rejeitar o texto da nova Carta Magna boliviana, além de definir a extensão máxima das propriedades rurais no país, foi concluído após oito horas initerruptas de votação.
A jornada eleitoral transcorreu sem problemas, de acordo com um informe do ministro do governo, Alfredo Rada, encarregado da segurança interna. Foram registrados apenas pequenos incidentes de indução ao voto.
Segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA) a votação transcorreu em "clima de tranquilidade e respeito" e não houve irregularidades.
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