O presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou nesta sexta-feira (13) uma suposta "chantagem" dos Estados Unidos por causa da paralisação de um programa conjunto de erradicação de coca, e advertiu que isso expõe seu país ao risco de "descertificação" (a perda do certificado dado pelos EUA de que determinado país cumpre com suas obrigações antidrogas).

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A chefe da missão diplomática norte-americana, Kris Urs, garantiu que a cooperação continua em vigor e anunciou que a destruição de cultivos ilegais de coca, matéria-prima da cocaína, será retomada no sábado na região central do Chapare, reduto político de Morales.

No ano passado, o mandatário indígena expulsou o embaixador norte-americano e os funcionários do DEA (agência antidrogas dos EUA), culminando uma série de atritos bilaterais.

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O presidente diz que a erradicação de cultivos ilícitos está paralisada por falta de apoio econômico. O dinheiro deveria ter sido entregue pela embaixada dos EUA, "mas não há tais recursos, continuamos esperando que se cumpram os compromissos", disse Morales numa entrevista coletiva na qual anunciou que a Bolívia retomaria a redução de cultivo com recursos próprios.

"Contra o narcotráfico há corresponsabilidade internacional, e lamento muito que (os EUA) não estejam cumprindo (...), mas ainda tenho esperanças de que se possam melhorar as relações", afirmou o esquerdista Morales.

"Há uma espécie de chantagem da NAS (agência norte-americana que administra a ajuda antidrogas), e o governo nacional foi permanentemente prejudicado", afirmou, denunciando também a suposta intenção de impedir que no fim do ano a Bolívia receba a certificação antidrogas, essencial para ter acesso à cooperação internacional.

Morales acrescentou que talvez essa situação não seja de conhecimento de Washington, sendo responsabilidade apenas de funcionários norte-americanos em La Paz, numa aparente represália pela expulsão dos agentes da DEA, em novembro.

"Uma coisa é a DEA, outra coisa são os acordos gerais que se devem cumprir. Mas isso tem uma orientação política, querem prejudicar o governo (boliviano)", disse.

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