Belo Horizonte Apesar de declarações diplomáticas do governo brasileiro, o presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou ontem em Belo Horizonte (MG) que não quer mais ter o gás de seu país "saqueado." As informações são da Agência Brasil. "Queremos sócios e não patrões dos nossos recursos naturais", afirmou Morales durante a abertura da 47.ª Reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). "O saque a nossos recursos naturais deve acabar."
Mais diplomático, o secretário especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que o Brasil vai respeitar a decisão do governo boliviano de nacionalizar as reservas de gás e petróleo. Segundo ele, o que não está claro para o Brasil são as garantias que a Bolívia dará à Petrobrás e a outras empresas que têm investimentos na exploração de gás e petróleo no país vizinho. A Petrobrás já injetou, desde 1996, US$ 1,5 bilhão na Bolívia, além de US$ 2 bilhões para transportar o gás boliviano no território brasileiro.
As mudanças nos contratos de gás entre Bolívia e Petrobrás foram discutidas ontem, em café da manhã que reuniu Morales, Garcia e diplomatas do Itamaraty. Eles firmaram um acordo para que uma comissão de alto nível venha ao Brasil na próxima semana para iniciar negociações com a Petrobrás e o Ministério de Minas e Energia no que se refere ao gás.
"Não vamos discutir essa questão pela imprensa e também não podemos substituir uma negociação técnica por uma conversa de critérios políticos. Nesta manhã fizemos uma discussão de natureza política, mas o seguimento dessa reunião será entre a Petrobrás e os governos brasileiro e boliviano", disse Garcia.
Para o assessor, não há clima de inimizade entre os dois países O clima entre os dois países começou a azedar no final do mês passado, quando o ministro de Hidrocarbonetos boliviano, Andrés Solíz, criticou duramente a Petrobrás e o governo brasileiro. "Todos são maravilhosamente amigos até que se toquem seus bolsos e se diga que é preciso aumentar o preço. Aí vêm as piores coisas que se pode imaginar", disse Solíz. Em seguida, o presidente da Petrobrás contra-atacou e disse que os investimentos da empresa no país vizinho estavam suspensos "por falta de diálogo".
O presidente boliviano afirmou ainda que a intenção do governo não é expropriar os bens das empresas que atuam no país. "Uma coisa são os recursos naturais, outra são os bens das empresas", disse Morales.
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