O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou neste sábado (13) que agentes de inteligência dos Estados Unidos têm acesso aos e-mails das "autoridades máximas" de seu país, mas revelou que ele mesmo não usa esse tipo de comunicação.
"Descobrimos que agentes de inteligência dos Estados Unidos têm acesso aos e-mails de nossas máximas autoridades", disse Morales em um discurso em uma cidade andina.
A informação sobre o suposto acesso aos e-mails das autoridades bolivianas, segundo Morales, foi obtida na última sexta-feira (12) "graças a alguns amigos presidentes", com os quais se reuniu na cúpula semestral do Mercosul, realizada em Montevidéu.
"Eu, antes de ser presidente tinha e-mail. Alguns irmãos me recomendaram 'Evo, não use isso' e fechei, escutei suas palavras, felizmente", disse o líder em seu discurso.
Custos
O governante também afirmou que os Estados Unidos gastam todos os anos US$ 75 bilhões em inteligência e para ilustrar o tamanho desse número para sua audiência de camponeses e indígenas, comparou o orçamento das agências de inteligência com os US$ 14 bilhões que a Bolívia tem no total de reservas em divisa estrangeira no Banco Central.
"Sabem o quanto gastam com inteligência? A cada ano gastam US$ 75 bilhões para monitorarem todos, para grampear os telefones", disse Morales, que, além disso, comparou esses gastos com espionagem com a pobreza que, segundo sua opinião, persiste nos EUA.
Snowden
Morales também falou sobre o caso Edward Snowden e sobre o apoio que obteve do Mercosul pela "ofensa" que sofreu na última semana quando quatro países europeus, segundo denunciou, fecharam seus espaços aéreos durante o retorno de seu avião presidencial a La Paz, que saiu de Moscou, pela suspeita de que o ex-técnico da CIA estava a bordo da aeronave.
Os chefes de Estado e de governo do Mercosul encerraram a cúpula em Montevidéu com uma declaração na qual reprovaram a suposta espionagem dos EUA na região e a "ofensa" a Morales.
Os países do Mercosul também concordaram em pedir consultas aos seus embaixadores na Espanha, França, Itália e Portugal para que informem sobre as decisões que forçaram o pouso do avião de Morales em Viena no dia 2 de julho.
O líder acrescentou que debateu com seus colegas do Mercosul sobre a suposta espionagem, o controle e o acompanhamento feito pelos EUA, não só aos "governos anti-imperialistas", mas também aos seus aliados.
Controle
Morales disse que está convencido que a espionagem americana serve para justificar as intervenções com o propósito de dominar países para exercer o controle sobre seus recursos naturais.
Também considerou que Snowden não cometeu "nenhum crime" porque fez as denúncias sobre o programa de espionagem dos EUA para "o bem da humanidade".
O líder boliviano acrescentou que os Estados Unidos fazem "ameaças" aos países que, como a Bolívia, ofereceram asilo ao ex-técnico, mas ressaltou que Washington não tem moral para fazer críticas porque o território americano "é uma caverna de delinquentes".
Nesse sentido, citou o caso de Luis Posada Carriles, requerido pela Venezuela, que pediu sua extradição em 2005 aos EUA para que responda perante a Justiça pela explosão de um avião da empresa Cubana de Aviación em 1976 com 73 pessoas a bordo.
Também o caso do ex-presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997 e 2002-2003), acusado na Bolívia em um julgamento por um suposto genocídio, mas que vive nos Estados Unidos, país que não respondeu ao pedido de extradição de La Paz.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares