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Bolívia

Morales diz ser vítima de perseguição judicial e que acusação de estupro já foi rejeitada

Em coletiva de imprensa, ex-presidente da Bolívia disse que a acusação já foi investigada em 2020 e rejeitada (Foto: EFE/Jorge Abrego)

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O ex-presidente da Bolívia Evo Morales (2006-2019) acusou seu ex-aliado e atual mandatário do país, Luis Arce, de promover uma “perseguição judicial” contra ele, depois que surgiu a notícia de uma investigação contra o líder cocaleiro por suposto estupro de vulnerável.

“Há muito tempo informamos que o governo de Luis Arce decidiu se tornar um governo fascista e antipopular. Eles renunciaram a resolver quaisquer diferenças de forma democrática, para passar à perseguição judicial”, escreveu Morales no X, segundo informações da agência EFE.

Na quinta-feira (3), o ministro da Justiça da Bolívia, Cesar Siles, anunciou que Morales está sendo investigado por estupro de vulnerável e tráfico de pessoas.

Ele disse que o ex-presidente é suspeito de ter estuprado uma adolescente de 15 anos em 2016. A vítima engravidou e a criança teve o nome de Morales registrado como pai na sua certidão de nascimento, afirmou Siles.

A promotora do caso, Sandra Gutierrez, denunciou que foi destituída do caso por pedir a prisão do ex-presidente boliviano. A medida de detenção não foi cumprida porque foi tornada sem efeito pela Justiça de Santa Cruz.

Segundo o jornal boliviano El Deber, Morales disse numa entrevista coletiva nesta sexta-feira (4) que já foi investigado pelo episódio e que o caso foi arquivado.

“Não consigo entender que tipo de procurador ou ministro da Justiça temos, quando este caso está encerrado. Será que não sabem que já fui investigado por este crime?”, disse Morales, que afirmou ser alvo de quatro processos judiciais e acusou Arce de querer extraditá-lo para os Estados Unidos.

“Em 2020, [a então presidente, Jeanine] Añez, recorrendo ao Ministério da Justiça, já me processou, já me investigou e está provado que não houve nada, aqui está o documento, a sentença, de 10 de dezembro, 2020, em Yacuiba [cidade no sul da Bolívia]”, disse o ex-presidente, lendo um papel que indicaria “rejeição” do caso pelo Ministério Público.

Em setembro, Morales realizou uma marcha de sete dias pela Bolívia para pressionar pela habilitação da sua candidatura à presidência em 2025 e protestar contra a crise econômica sob o governo de Arce.

Ambos integram o partido Movimento ao Socialismo (MAS), rachado devido às ambições de ambos de serem o candidato da legenda na eleição do ano que vem.

O líder cocaleiro acusou seu afilhado político de corrupção e de se desviar dos preceitos socialistas do MAS. Em outubro de 2023, Arce foi expulso do partido no mesmo congresso da legenda em que Morales foi aclamado candidato à presidência.

Meses depois, o Tribunal Constitucional da Bolívia decretou a inelegibilidade de Morales, apontando que o ex-presidente não poderia mais se candidatar por já ter ocupado a presidência por dois mandatos.

Morales quer que o congresso em que foi indicado como candidato do MAS seja reconhecido. No dia da chegada da marcha a La Paz, ele deu um ultimato de 24 horas para que ministros de Arce fossem demitidos, mas depois desconversou e disse que o prazo era para que o atual presidente resolvesse a escassez de combustíveis na Bolívia.

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