Para a França, programa nuclear iraniano tem objetivos militares
Paris O porta-voz do Palácio do Eliseu, David Martinon, afirmou ontem que "todo mundo sabe" que o programa nuclear do Irã "tem objetivos militares" e rejeitou a afirmação do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de que o dossiê sobre o caso está encerrado.
Em seu discurso na Assembléia Geral da ONU, na terça-feira, Ahmadinejad afirmou que o Irã "dá por encerrado" o conflito político sobre seu programa nuclear, do qual disse que já é só um assunto "de rotina" da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e reiterou que tem fins pacíficos.
Ao ser questionado em sua entrevista coletiva semanal sobre as afirmações do presidente iraniano, Martinon disse que a França "não acredita" quando ele diz que o programa nuclear do Irã é pacífico.
La Paz O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, visitou ontem a Bolívia pela primeira vez para assinar acordos bilaterais com o governo do presidente Evo Morales. Ahmadinejad chegou à Bolívia pelo Aeroporto de Santa Cruz, onde um grupo de 30 mulheres protestava contra a sua presença na Bolívia. Em seguida, ele foi à La Paz a bordo de um avião da Força Aérea Venezuelana e ficou em território boliviano por cerca de quatro horas. Depois, o líder iraniano seguiu viagem para a Venezuela, onde se reuniria com o presidente Hugo Chávez.
"Esta visita é o início de relações amplas entre ambos governos e ambos povos irmãos", afirmou Ahmadinejad. "É com muito respeito e carinho que recebemos esta visita para a partir desta data trabalharmos de maneira conjunta por nossos povos e pela humanidade", disse Evo.
Ahmadinejad e Evo assinaram um plano de cooperação de US$ 1,1 bilhão para os próximos cinco anos nas áreas de tecnologia e industrial. Ministros iranianos e bolivianos assinaram diversos acordos relativos a hidrocarbonetos, mineração, agricultura, recursos naturais, água, ciência e tecnologia, entre outras áreas. De acordo com jornal boliviano La Prensa, fontes governamentais teriam afirmado que entre os acordos assinados pelos dois presidentes estaria a exploração de lítio e urânio na região andina do país.
O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, afirmou que as conversas entre os dois países não entrariam na discussão sobre a questão nuclear porque, segundo ele, a Bolívia "respeita as decisões da ONU" referentes ao tema. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, já repreendeu o Irã diversas vezes pelo seu programa de enriquecimento de urânio que Ahmadinejad afirma ter fins pacíficos. García Linera também afirmou que os acordos são comerciais e que a Bolívia mantém uma posição "pacifista", afastada de qualquer apoio a planos bélicos
No entanto, no encontro de ontem Ahmadinejad e Evo, em declaração conjunta, reconheceram o direito dos países ao desenvolvimento de energia nuclear com fins pacíficos.
Evo ainda ressaltou que as relações diplomáticas entre a Bolívia e o Irã estabelecidas há duas semanas não têm o objetivo de prejudicar ninguém. O presidente boliviano negou as críticas da oposição que afirmam que os novos vínculos políticos sejam parte de um plano de confrontação do venezuelano Hugo Chávez contra os Estados Unidos.
O líder da oposição na Bolívia, Jorge Quiroga, diz que a aproximação com o Irã, "um país interditado" pela comunidade internacional, responde a "ordens de Chávez."
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