"O presidente Chávez é o mais democrático de todos porque se submete ao povo, que é quem decide", Evo Morales, presidente da Bolívia, em Paris| Foto: Dmitry Kostyukov/AFP

Para governo Obama, referendo foi democrático

O governo do presidente Barack Obama afirmou ontem que o referendo realizado no domingo na Venezuela foi democrático.

A consulta popular aprovou as reeleições ilimitadas para cargos públicos no país sul-americano, abrindo caminho para o presidente Hugo Chávez concorrer a um novo mandato.

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Veja que a maioria dos países da AL permite uma reeleição consecutiva
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A aprovação da reeleição ilimitada proposta por Hugo Chávez na Venezuela, no domingo, abre caminho para o estilo centralizador de outros governantes latino-americanos. Os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e da Bolívia, Evo Morales, já mostram que pretendem seguir o mesmo rumo.

Em visita à França, Morales defendeu ontem a reeleição ilimitada como medida contra a corrupção. Disse que a limitação de mandatos "fomenta a corrupção", já que, "se um prefeito não puder voltar a se candidatar, será mais provável ele roubar durante seu mandato". Por outro lado, "se puder se ratificar no poder, terá como seguir trabalhando honestamente".

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Em La Paz, o partido de Evo Morales discutiu ontem a possibilidade de aprovar no futuro a reeleição ilimitada, alterando a Constituição.

"Não estamos parados. Estamos pensando em consolidar este processo e o povo poderá decidir sobre a reeleição do presidente Evo Morales", disse Jorge Silva, subchefe dos deputados do governo.

O parlamentar do governante Movimento Ao Socialismo (MAS), de Morales, disse que a reeleição ilimitada "é uma possibilidade, mas não uma decisão pessoal do presidente, e que em algum momento ela será decidida pela população".

Inicialmente, o MAS pretendia que a Assembleia Constituinte aprovasse em 2007 a reeleição indefinida, mas a Constituição promulgada em 7 de fevereiro diz que o presidente e seu vice podem se apresentar a apenas uma reeleição consecutiva.

Com a atual Constituição, Morales poderá concorrer ao pleito previsto para 6 de dezembro e, se vencer, governar por um novo período de cinco anos, mas não terá direito a voltar a se candidatar.

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Na Bolívia, os dirigentes da aliança direitista Poder Democrático e Social (Podemos) criticaram a proposta de reeleição sem limites.

"Falar de modificações de uma Constituição somente mostra à população o desespero de querer ter um poder total e hegemônico", disse o chefe dos deputados do Podemos, Bernardo Montenegro.

Em visita ao Brasil, o colombiano Álvaro Uribe se esquivou de responder perguntas sobre um possível terceiro mandato, mas não negou que tenha essa intenção. Preferiu dizer que se preocupa com a perpetuação do poder, mas que, em relação à Colômbia, não poderia ser "politicamente irresponsável" nem "indiferente à sorte política do país". Caso quisesse continuar no poder após 2009, teria de mudar a Constituição.

De acordo com pesquisas, Uribe teria mais de 70% de apoio se tentasse permanecer no poder. Há alguns meses, a base de apoio de Uribe parecia mobilizada para para mudar a Constituição e garantir ao presidente a candidatura ao terceiro mandato.

"Uribe e Chávez são muito diferentes, mas, como Chávez, Uribe entende que ele é imprescindível para seu país. Os dois se parecem quando mudam a legalidade em favor de seus interesses. Além disso, quando perguntam a Uribe se ele tentará uma terceira eleição, ele não nega, prefere o silêncio", afirmou Ricardo Israel, professor de Ciências Políticas da Universidade Autônoma do Chile à BBC Brasil.

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O fato de um governante poder se candidatar à reeleição quantas vezes quiser fere a democracia?

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