Impasses
Governo de Evo Morales, iniciado em 2006, é marcado por disputas.
Crise do gás
> A nacionalização dos hidrocarbonetos era uma promessa de campanha de Morales, cumprida em maio de 2006, cinco meses após tomar posse.
O decreto obrigou as petrolíferas estrangeiras a cederem ao Estado a propriedade do petróleo e gás natural.
A nova legislação atingiu pelo menos 20 multinacionais que investiam na exploração do gás boliviano, inclusive a brasileira Petrobras, e estremeceu as relações de La Paz com os governos dos países-sede das empresas.
País dividido
> O governo Morales agravou a divisão entre o Altiplano (região mais pobre) e a "Meia-Lua" (a mais rica).
Desde que saiu vitorioso no referendo revogatório de 2008, o presidente viu crescer as manifestações contra seu governo na região da Meia-Lua. Os oposicionistas exigiam a devolução de uma porcentagem maior do imposto sobre hidrocarbonetos.
Durante os protestos, em agosto do ano passado, pelos menos 30 pessoas morreram.
Fonte: da Redação
Caracas - Sob críticas e comentários irônicos, o presidente da Bolívia, Evo Morales, entrou ontem em greve de fome para pressionar a oposição no Congresso a um acordo sobre a nova legislação eleitoral, necessária para as eleições gerais de dezembro. No fim tarde, a proposta governista foi aprovada em primeira votação sob um ambiente tenso e após mais de 24 horas de sessão parlamentar contínua.
A greve de fome se instalou às 9h40 locais (uma a menos que Brasília) no Salão Vermelho do Palácio Quemado, depois de uma longa noite no Congresso sem acordo entre governo e oposição. Acompanhado por 14 sindicalistas e representantes de movimentos sociais, Morales prometeu não comer até a aprovação da nova lei e mascar folha de coca para suportar a fome.
"Diante da negligência de um grupo de parlamentares neoliberais, (somos) obrigados a assumir essa medida, discursou Morales, diante de cartazes escritos à mão e colados na parede do palácio.
O presidente acusou a oposição, que tem a maioria no Senado, de obstruir a votação para tentar adiar as eleições de dezembro, nas quais ele é o favorito para conseguir um novo mandato de cinco anos.
O pleito está previsto na nova Constituição, aprovada num referendo em janeiro. Mas a legislação anterior não se adequa à nova Carta, o que abriu um vácuo legal e tornou necessária uma nova lei cujo prazo para a aprovação, de 60 dias, venceu à 0h de ontem.
Censo eleitoral
A maior divergência tem sido a exigência da oposição de fazer um novo censo eleitoral, sob o argumento de que o atual está até 30% defasado, abrindo espaço para irregularidades. Já o governo afirma não haver tempo suficiente e diz que se trata de uma manobra para adiar as eleições e prejudicar Morales.
Alguns analistas bolivianos, como o economista Gonzalo Chávez, têm dito que o governo ainda tem reservas suficientes neste ano para amortecer as bruscas quedas nas suas principais fontes de arrecadação somente o preço do gás exportado ao Brasil e à Argentina caiu mais de 40% neste ano. O cenário mais difícil, preveem, virá no ano que vem.
O deputado Fernando Messmer (do partido Podemos, de oposição) acusa Morales de querer um registro eleitoral ajustado a suas medidas, que garanta o controle das duas casas do Congresso.
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Interatividade
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