“Não tenho nenhum problema. Estou como um jovenzinho de 15 anos.". Evo Morales, presidente da Bolívia| Foto: Gonzalo Jallasi/AFP

Mil pessoas aderem ao protesto presidencial

Cerca de mil pessoas se juntaram em toda a Bolívia à greve de fome iniciada pelo presidente Evo Morales para exigir do Congresso a aprovação da lei eleitoral, que permite a realização de um pleito geral em dezembro.

A mobilização é liderada pela Central Operária Boliviana e Coordenação Nacional pela Mudança (Conalcam). As duas entidades dão sustentação ao governo de Evo Morales e acompanham o presidente no protesto. Os líderes sindicais afirmaram ontem que o grevistas não abandonarão o protesto enquanto Morales estiver em greve de fome.

O presidente boliviano, segundo fonte do palácio do governo, se encontra em bom estado de saúde. Ele suspendeu uma viagem a Cuba que estava prevista para ontem.

No palácio do governo, junto com Morales em greve de fome, estão 15 líderes sindicais e políticos. Eles passaram a noite sobre colchões espalhados pelo piso.

O presidente disse que os 15 dirigentes socialistas que o acompanham no grupo principal do protesto não deixarão de jejuar, mas pediu aos cerca de mil ativistas oficiais e autoridades que se juntaram à medida em todo o país que suspendam o protesto até segunda-feira.

Da Redação

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Caracas, Venezuela - A greve de fome do presidente boliviano, Evo Morales, entrou ontem no segundo dia, em meio ao impasse entre o governo e a oposição para votar a nova legislação eleitoral, necessária para a realização das eleições gerais de 6 de dezembro.

Durante todo o dia de ontem, a oposição se recusou a participar da votação "em detalhe’’, em que cada artigo é analisado separadamente. A meta é adiá-la ao menos até segunda, sob a alegação de que se deve respeitar a Semana Santa, o que pode prolongar o jejum de Morales.

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Desde a manhã de quinta-feira, Morales faz a greve no Palácio Quemado, situado a poucos metros do Congresso, acompanhado de simpatizantes. Segundo sua assessoria, ele tem mascado coca e bebido água para poder trabalhar.

"Não tenho nenhum problema. Estou como um jovenzinho de 15 anos’’, disse Morales, 49 anos, que realiza sua 18ª greve de fome desde os seus tempos de líder cocaleiro – o recorde pessoal é de 18 dias sem comer.

O presidente acusou a oposição do seu país de estar articulando um plano para acabar com seu governo. "Sei algo importante, sei que estão preparando um plano contra Evo Morales e contra o companheiro Álvaro (García, seu vice-presidente) depois que fracassaram ao tentar tirar o voto do povo no referendo revogatório", assinalou aos jornalistas na Casa do Governo.

O chefe de Estado disse que tem informações graças a militares e policiais que fazem acompanhamento dessas pessoas da oposição.

O presidente reiterou que só encerrará o protesto após a aprovação final da Lei Eleitoral – exigência da nova Constituição, aprovada em referendo em janeiro, para convocar as eleições de dezembro, quando o esquerdista é favorito para um novo mandato de cinco anos.

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Na quinta-feira, a Lei Eleitoral foi aprovada em primeira votação, numa sessão que durou 30 horas e terminou com uma intensa troca de insultos.

O principal impasse é a exigência da oposição para realizar um novo censo eleitoral, sob a alegação de que o atual está defasado. Para Morales, a medida é desnecessária e visa apenas adiar a eleição.

Não é a primeira vez que um mandatário boliviano faz greve de fome, algo recorrente na política do país. O presidente Hernán Siles adotou a medida nos dois mandatos: em 1956, para defender sua política econômica, e em 1984, para pressionar a oposição por um acordo.