O presidente da Bolívia, Evo Morales, nomeou novos ministros de Governo e Defesa depois das demissões causadas pelo repúdio à repressão policial contra uma marcha de indígenas amazônicos.

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Morales se mostrou desafiador e lançou duros ataques a vários meios locais de comunicação, chamando-os de mentirosos, ao apresentar numa cerimônia na noite de terça-feira os novos titulares do seu gabinete: Wilfredo Chávez, na pasta do Governo, no lugar de Sacha Llorenti; e Rubén Saavedra substituindo Cecília Chacón na Defesa.

"Não tenho nenhum medo de dizer-lhes que o melhor opositor que Evo tem são os meios de comunicação, e vamos travar essa batalha, da verdade contra a falsidade", disse o presidente, admitindo, no entanto, que podem ter ocorrido erros no confronto do seu governo contra os manifestantes.

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Ele apontou duas rádios e um jornal como responsáveis por difundir "mentiras e exageros", como a suposta morte de vários indígenas durante a operação policial que dissolveu a marcha, no domingo.

"Quero saber onde estão os mortos", desafio Morales, convidando novamente organismos internacionais para investigarem o ocorrido.

Llorenti, um dos mais antigos colaboradores de Morales, renunciara horas antes, afirmando que não queria ser "usado" pela oposição conservadora para desgastar o governo. Sua saída vinha sendo exigida por vários setores que o consideravam responsável pela repressão.

Já Chacón renunciou na segunda-feira em protesto contra a intervenção policial na marcha, que tenta convencer o governo a não construir uma estrada atravessando um território indígena da Amazônia boliviana.

Ao menos outros três funcionários bolivianos de menor escalão também renunciaram por discordar da repressão.

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"Em nome pessoal e do governo, mil desculpas, mas também (pedimos) uma investigação profunda", disse Morales.

A reforma ministerial foi precedida por protestos antigovernamentais em vários pontos do país. Alunos da estatal Universidade San Andrés, a maior do país, paralisaram o centro de La Paz com uma manifestação de apoio aos indígenas, e a Central Operária Boliviana (COB) convocou uma greve geral para quarta-feira. Outras regiões também tiveram greves gerais e greves de fome.

Enquanto isso, cerca de 200 indígenas permaneciam na localidade de Rurrenabaque decidindo se retomarão ou não a marcha até La Paz, um percurso de 600 quilômetros, dos quais metade haviam sido percorridos quando a polícia dissolveu o protesto.

Morales anunciou na segunda-feira a suspensão temporária da obra rodoviária, que seria financiada pelo Brasil, e que agora será submetida a referendo nas regiões de Beni e Cochabamba, por onde passaria a estrada.

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