O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quarta-feira que proporá na cúpula sul-americana desta semana a convocação de um referendo de âmbito regional a respeito do polêmico acordo militar entre Colômbia e EUA, que daria a Washington acesso a sete bases militares colombianas.

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Morales, um dos maiores adversários dos EUA na América do Sul, apresentou sua proposta a dois dias de uma cúpula da Unasul em Bariloche (Argentina) que debaterá o acordo militar.

Para ele, o encontro será uma oportunidade para "debater sobre a dignidade e soberania da América do Sul." Ele reiterou sua oposição à existência de qualquer base militar dos EUA na região, e afirmou que, em última instância, os conflitos devem ser dirimidos pelo voto popular.

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"Quero propor que, se o presidente colombiano não quer retirar as bases militares (dos EUA) da Colômbia, por que não ir a um referendo da América do Sul?," disse Morales em discurso a camponeses na região andina de Oruro.

"Os povos (...) dos 12 países (sul-americanos) que façam um referendo sobre as bases militares na América do Sul. Os povos que digam sim ou não, que os povos decidam, e não o império (EUA) que imponha as bases militares na América do Sul," acrescentou ele, em discurso transmitido pela rádio pública Patria Nueva.

Bogotá e Washington dizem que o acordo, que ainda não foi assinado, servirá exclusivamente para o combate ao narcotráfico e ao terrorismo.

Mas líderes esquerdistas da região, encabeçados pelo venezuelano Hugo Chávez, investiram contra o plano, qualificando-o de "agressão" e de uma "ameaça" capaz de gerar uma guerra na região.

Não é a primeira vez que Morales propõe um referendo internacional para resolver um conflito. Há dois anos, sugeriu isso --sem receber apoio-- para superar divergências entre governos da Comunidade Andina de Nações a respeito de um possível acordo comercial com a União Europeia.

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Morales afirmou que um referendo regional sobre as bases militares na Colômbia daria vida a "uma democracia quase continental, onde os povos decidam com sua consciência, com seu voto."