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América do Sul

Morales tenta controlar crise na Bolívia

Loja que pertence a um primo de Evo Morales foi destruída por opositores do governo, em Cobija | Reuters
Loja que pertence a um primo de Evo Morales foi destruída por opositores do governo, em Cobija (Foto: Reuters)
Entenda a crise na Bolívia |

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Entenda a crise na Bolívia

La Paz - O governo do presidente Evo Morales se mobilizou para assegurar controle sobre a instável Bolívia ontem. Ao mesmo tempo, separatistas atearam fogo em um prédio de uma prefeitura e bloquearam rodovias, impedindo a distribuição de alimentos e combustíveis em departamentos (estados) controlados pela oposição.

Pelo menos 30 pessoas foram mortas no país andino em uma semana, segundo o ministro de Interior, Alfredo Rada. Todas as mortes ocorreram no departamento de Pando, onde Morales decretou estado de sítio na sexta-feira, enviando tropas. O governador de Pando, Leopoldo Fernández, aceitou ontem o estado de sítio imposto por La Paz.

Também ontem, o líder cívico de Santa Cruz, Branko Marinkovic, anunciou o fim dos bloqueios de estradas nesse departamento. "Como um sinal de boa-vontade para o diálogo e esperando que o governo nacional também mostre o mesmo sinal para parar a violência no país... Hoje vamos levantar os bloqueios às rodovias", disse Marinkovic.

O presidente acusou os oposicionistas pelas mortes, entre eles o governador de Pando. Ontem, o governo chegou a anunciar a prisão de Fernández, depois voltou atrás.

O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse à rádio Red Erbol, de Pando, que o governador havia sido detido "por haver violado a Constituição e haver gerado uma sangrenta matança de campesinos". Pouco depois, na mesma rádio, Quintana disse que Fernández "teria de estar na prisão", porém não havia sido detido.

As tropas continuavam a chegar a Pando e patrulhavam a capital estadual, Cobija. "Há pessoas que querem seguir semeando a dor pela região", disse o porta-voz presidencial Iván Canelas.

Sem fornecer detalhes, Canelas afirmou que os bloqueios em rodovias continuavam e que um "grupo armado" ateou fogo no prédio da prefeitura de Filadélfia, uma cidade perto de Cobija.

O jornal La Razón, de La Paz, citou o chefe do setor responsável pelas rodovias bolivianas, segundo o qual os bloqueios pararam o trânsito nas principais rodovias de Tarija, Beni e Santa Cruz.

Reunião

Os países sul-americanos também se mobilizam para evitar a piora da crise boliviana. Vários dos presidentes da região, entre eles o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, se reunirão hoje em Santiago, em um evento convocado pela presidente chilena, Michelle Bachelet. Não estava claro se Evo Morales participaria da iniciativa.

A representante do governo central em Pando, Nancy Teixeira, disse que o número de mortos devia subir nas proximidades de Porvenir. As autoridades, segundo ela, deveriam encontrar outros mortos e feridos dos confrontos entre forças anti e pró-governo na quinta-feira. "Nós acreditamos que há mais (vítimas) nas montanhas, pessoas afogadas no rio", afirmou ela.

No sábado, Morales acusou o governador de Pando de usar "assassinos peruanos e brasileiros" contra os partidários do governo central. Fernández negou qualquer envolvimento com a violência, dizendo que não se tratava de uma emboscada, mas de um enfrentamento entre grupos rivais.

Desafio

O maior desafio nos três anos de Morales como o primeiro presidente indígena boliviano é a disputa com os estados do leste. O governo central quase não tem controle sobre essa região, na qual se concentra a maior parte das riquezas do gás do país.

As províncias buscam mais autonomia e insistem em cancelar um referendo previsto para 7 de dezembro sobre a nova Constituição. O texto prevê a possibilidade de reeleição para o presidente e a transferência de terras improdutivas para camponeses pobres.

Os líderes dessas regiões nomearam o governador da Tarija, província rica em gás, Mario Cossío, como representante. Cossío participou ontem em La Paz de negociações para encerrar a crise.

Expulsões

Morales e seu aliado, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, expulsaram os embaixadores dos Estados Unidos de seus respectivos países. O líder boliviano acusou o diplomata de incitar o separatismo.

"Eu gostaria de dizer que todas as acusações feitas contra mim, contra a embaixada e contra minha nação são completamente falsas e injustificáveis", disse o embaixador Philip Goldberg ontem, ainda em La Paz, quando tratou pela primeira vez publicamente do assunto. "Eu não tenho nada a dizer para aqueles que interpretaram erradamente minhas ações."

Morales não ofereceu provas da suposta atividade conspiratória de Goldberg.

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