184 casos de ataques a jornalistas estrangeiros foram registrados no Egito pela Association for Freedom of Thoughts and Expression , no período de janeiro de 2011 a outubro de 2014. Os abusos sofridos pelos correspondentes no país desde que explodiu a Primavera Árabe vão de surras, prisões, violência sexual (de assédio a estupro) a retenção ou roubo de material
A imprensa estrangeira se tornou a "inimiga" para muitos egípcios e uma inquilina incômoda para as autoridades, situação que causa algumas dores de cabeça para os correspondentes que ainda insistem em permanecer na linha de frente do que ocorre no país.
"Existe sim xenofobia contra a imprensa estrangeira", resumiu Mustafa Shaath membro da Association for Freedom of Thoughts and Expression (Afte) (ou Associação para a Liberdade de Pensamento e Expressão), que acaba de publicar um relatório sobre os abusos sofridos pelos correspondentes no Egito desde que explodiu a Primavera Árabe.
A organização documentou 184 casos de ataques a jornalistas estrangeiros de janeiro de 2011 a outubro de 2014, nos quais os correspondentes foram vítimas de uma "mensagem de ódio e inimizade" que permearam a sociedade durante esse período.
Surras, prisões, violência sexual (de assédio a estupro) e retenção ou roubo de material são alguns dos tipos de violência que os jornalistas sofreram no Egito.
Patrick Kingsley, do jornal britânico The Guardian, foi preso pelo menos seis vezes por períodos que variavam de 15 minutos a várias horas e sofre constantes complicações nas ruas.
"A pior experiência que lembro foi quando dois baltaguiya [pistoleiros] me prenderam e me levaram para a delegacia, onde fiquei detido várias horas", relatou o jornalista, que está há dois anos no Egito.
Ele também recorda que foi perseguido pela segurança do Estado, que é constantemente criticado nos canais públicos e privados de tevê, e que foi ameaçado de morte em várias ocasiões.
Obstáculos
São muitos os repórteres estrangeiros que foram agredidos, ameaçados ou que tiveram de passar por vários obstáculos para realizar seu trabalho no país desde 2011.
O caso mais polêmico no Egito foi o recente julgamento da "célula do Marriott", como era conhecida a equipe do canal catariano Al Jazeera, que contava com o australiano Peter Greste.
Greste e outros dois jornalistas foram condenados em junho deste ano a ficar de sete a dez anos na prisão "por divulgar notícias falsas" e colaborar com a organização Irmandade Muçulmana, declarada terrorista pelas autoridades egípcias.
"Esse processo gerou medo em muitos correspondentes estrangeiros", contou Shaath.
"Qualquer coisa que se escreva pode ser facilmente percebida como subversiva, mas a ameaça direta do governo é muito menor agora, porque quer evitar que se repita a rejeição internacional que provocou o caso da Al Jazeera", analisou Kingsley.
Shaath ressaltou que os meios de comunicação nacionais têm "grande parte de culpa" na difusão da mensagem de ódio contra a imprensa tanto ocidental quanto árabe. Ele lamentou especialmente a existência de "uma fobia da câmera estrangeira". "A situação da imprensa estrangeira no Egito é a pior dos últimos 70 anos", declarou .
Vaccari, Duque e Cabral estão na fila do STF para se livrar de condenações
Pragmatismo não deve salvar Lula dos problemas que terá com Trump na Casa Branca
EUA derrotam progressistas e mandam alerta para Lula e o PT
Bolsonaro atribui 8/1 à esquerda e põe STF no fim da fila dos poderes; acompanhe o Sem Rodeios
Deixe sua opinião