• Carregando...
Controverso, Sharon deixa como legado a fama de belicista | David Silverman/Reuters
Controverso, Sharon deixa como legado a fama de belicista| Foto: David Silverman/Reuters

Cronologia da carreira política do ex-primeiro-ministro

Jul. 1973 - Sharon é um dos fundadores do partido Likud

Dez. 1973 - É eleito para o Knesset (Parlamento de Israel), mas renuncia um ano depois, dizendo-se cansado da vida política

Jun. 1975 - Torna-se assessor especial do então primeiro-ministro Yitzhak Rabin. Com a proximidade das eleições de 1977, tenta retornar ao Likud e substituir Menachem Begin na liderança do partido, mas é rejeitado.

Em seguida, tenta ingressar no Partido Trabalhista, mas também não é aceito. Ele cria então sua própria lista, a Shlomtzion, que obteve apenas duas cadeiras no Knesset nas eleições subseqüentes. Logo após o pleito, o Shlomtzion se une ao Likud e Sharon torna-se ministro da Agricultura.

1981 - Após as eleições, nas quais o Likud obteve uma vitória apertada, Sharon é indicado ministro da Defesa

1996 - Durante o primeiro governo de Binyamin Netanyahu (1996-1999), ocupa o cargo de ministro da Infra-Estrutura Nacional (1996-1998), e das Relações Exteriores (1998-1999). Após a eleição de Ehud Barak, do Partido Trabalhista, como premiê, Sharon torna-se líder do Likud.

Fev. 2001 - Após o colapso do governo de Barak, Sharon se elege primeiro-ministro de Israel;

Mai. 2004 - Anuncia seu plano unilateral de retirada israelense da faixa de Gaza, na conferência de Herzliya, aprovado em junho

Dez. 2004 - Fecha um acordo com o Partido Trabalhista para um governo de coalizão, com Shimon Peres como premiê, restaurando a maioria governista no Parlamento

Ago. 2005 - Seu governo coloca em prática o plano de retirada de 8.500 colonos israelenses dos 21 assentamentos da faixa de Gaza e de quatro na Cisjordânia

Nov. 2005 - Renuncia à liderança do Likud para formar um novo partido de centro chamado Kadima. O ex-premiê Netanyahu é eleito como seu sucessor. Netanyahu e Amir Peretz, do Partido Trabalhista, disputariam as eleições de março de 2006 com Sharon

Jan. 2006 - Em plena campanha eleitoral, sofre um acidente vascular cerebral e é internado em Jerusalém. Em maio, foi transferido para o hospital Tel Hashomer, onde estava em coma havia oito anos. A família decidiu não desligar os aparelhos que o mantinham vivo.

Jan. 2013 - Uma ressonância magnética mostrou que ele ainda tinha atividade cerebral, apesar do estado vegetativo. Os médicos descobriram que ele reagia ao ver fotos de sua família e de sua casa, mas que continuava sem a capacidade de mover os músculos

Jan. 2014 - Morre no hospital aos 85 anos, após oito anos em estado vegetativo.

Fonte: Folhapress.

  • Durante a Cúpula para a paz no Oriente Médio, em 1998, Ariel Sharon se encontra com o líder palestino Yasser Arafat
  • Ariel Sharon (dir.) durante passeio de helicóptero sobre Israel com George W. Bush (esq.), na época governador do Texas, e Mike Leavitt, de Utah, em foto de 1998
  • Ariel Sharon ao lado do então primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em 1998. Na época, Sharon ocupava o cargo de ministro das Relações Exteriores
  • Ariel Sharon, em foto de 1973, no lado ocidental do Canal de Suez, durante conflito no Oriente Médio
  • Ariel Sharon, em foto de 1966
  • Ao centro, Ariel Sharon recebe o então presidente norte-americano Bill Clinton no Aeroporto de Tel-Aviv, em foto de 1998
  • Sharon cumprimenta o ditador egípcio Hosni Mubarak, em 2005

Mantido em estado vegetativo desde 2006, após décadas de controversa carreira política e militar, o ex-premiê israelense Ariel Sharon morreu hoje, aos 85 anos, deixando como legado a fama de belicista e, na contramão, a histórica retirada da faixa de Gaza que liderou durante seu mandato. Sharon era viúvo e pai de dois filhos, Gilad e Omri - que chegou a ser deputado de seu partido.

Confira algumas frases do ex-primeiro-ministro israelense

Veja fotos da carreira de Sharon

Apelidado "Arik", Sharon nasceu em 1928 no vilarejo de Kfar Malal. Aos 14 anos, juntou-se às fileiras da Haganah, a versão embrionária das Forças de Defesa de Israel. O início de sua biografia é um apanhado de sucessivas promoções no Exército, incluindo ter comandado uma companhia de infantaria na guerra de independência de 1948 e ter fundado, em 1953, uma unidade de elite responsável por retaliar ataques árabes.

Sharon estudou na Universidade de Tel Aviv, onde graduou-se em direito, em 1962. No Exército, ele comandou, nos anos 1960, tanto as regiões norte quanto sul, tendo também ocupado o posto de líder da divisão de treinamento militar. Suas vitórias nas guerras de 1968 e 1973, como elogiado estrategista, lhe renderam os títulos hiperbólicos de "rei de IsraeL" e "Leão de Deus".

A carreira de Sharon tomou a senda política na década seguinte, em uma breve passagem pelo Parlamento, em 1973, seguida de sua renúncia. Em 1975, ele assessorou o primeiro-ministro Yitzhak Rabin no campo de segurança e, dois anos depois, foi eleito parlamentar, após o que se juntou ao partido de direita Herut ""que mais tarde se tornaria o Likud.

No governo, Sharon foi ministro da Agricultura e, em 1981, assumiu a pasta da Defesa durante o período crítico da Guerra do Líbano. Foi nesse país inimigo que os papéis de sua carreira se mancharam, diante da opinião pública, após Sharon ser considerado por uma comissão de inquérito como "pessoalmente responsável" pelo massacre de refugiados palestinos em Sabra e Shatila, em Beirute.

Na década seguinte, em uma provocativa visita à Esplanada do Templo de Jerusalém, local sagrado disputado por judeus e muçulmanos, Sharon desencadeou uma onda de revoltas que culminaram na Segunda Intifada, levante palestino com graves consequências políticas e centenas de mortos em ambos os lados. Meses depois, responsável por reformular o partido de direita Likud, Sharon foi eleito em 2001 para o cargo de primeiro-ministro com a maior margem de vitória na história de Israel. Ele foi reeleito em 2003, após ter convocado eleições antecipadas.

Na liderança do país, em seu último grande feito como político e militar, Sharon manobrou governo e Parlamento a aprovar a retirada dos assentamentos israelenses na faixa de Gaza, em um gesto de grande dano entre o eleitorado colono.

Seu ato concessivo, de certa maneira incoerente com as décadas em que promoveu a expansão de assentamentos nos territórios ocupados, levou ao fortalecimento da facção terrorista Hamas, que tomou o controle da faixa de Gaza.Mas Sharon não testemunhou os desdobramentos de seu último gesto de liderança, assim como não viu as insurgências da Primavera Árabe ou a sombria crise histórica que encobriu a Síria. Ele também não teve a oportunidade de completar os planos de uma suposta retirada de quase a totalidade dos territórios da Cisjordânia, no que seria sido seu grande feito como estadista.

Em 4 de janeiro de 2006, o premiê Sharon sofreu um derrame com hemorragia cerebral, pelo qual esteve por anos em coma. Em 2013, médicos haviam detectado atividade cerebral, em uma última fagulha de sua resistência.

"As duas grandes tragédias na política moderna mesoriental que fazem você se perguntar se Deus quer paz no Oriente Médio ou não são o assassinato do [primeiro-ministro Yitzhak] Rabin e o derrame de Sharon", afirmou Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, em 2011, em elogia.

Confira algumas frases do ex-primeiro-ministro israelense:

"Eu convoco nossos vizinhos palestinos para abandonar o caminho da violência e retornar ao caminho do diálogo para resolver os conflitos entre nós por meios pacíficos". (2005)

"Gaza não pode ser mantida para sempre. Mais de 1 milhão de palestinos vivem lá e eles dobram esse número a cada geração. Eles vivem em acampamentos de refugiados incrivelmente ruins, na pobreza e na miséria, sem qualquer tipo de esperança no horizonte". (2005)

"Como um dos lutaram em todas as guerras de Israel, eu aprendi da minha própria experiência que sem a força apropriada nós não teremos uma chance de sobreviver nessa região, se não mostrarmos misericórdia sem fraqueza. Eu também aprendi que a espada sozinha não pode decidir a amarga disputa por essa terra". (2004)

"Israel não pode chegar a um acordo de paz com os palestinos isoladamente. O Estado precisa de paz com todo o mundo árabe." (2002)

"Todos os países que buscam a paz deveriam rezar para que as forças israelenses tenham sucesso em sua missão, porque é apenas eliminando e erradicando o terror que chegaremos a uma paz duradoura." (2002)

"[A Autoridade Nacional Palestina] desempenha um papel central na rede internacional de terrorismo comandada pelo Irã, que visa a destruição de todo o mundo" (2002)

"Jerusalém permanecerá unida como a capital eterna do Estado judeu" (2002)

Veja fotos da carreira do ex-primeiro ministro

Fotos da carreira de Ariel Sharon

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]