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Na prisão

Morre aos 87 anos o ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla

Jorge Rafael Videla, durante o veredito de seu julgamento de 2012 | Reuters/Jeffrey Markowitz
Jorge Rafael Videla, durante o veredito de seu julgamento de 2012 (Foto: Reuters/Jeffrey Markowitz)
Videla em foto da década de 1970 |

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Videla em foto da década de 1970

Foto de 24 de março de 1976 mostra o general Jorge Rafael Videla (no centro) e o comandante da Marinha argentina, Emilio Massera, durante cerimônia na Casa Rosada, em Buenos Aires |

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Foto de 24 de março de 1976 mostra o general Jorge Rafael Videla (no centro) e o comandante da Marinha argentina, Emilio Massera, durante cerimônia na Casa Rosada, em Buenos Aires

O então ditador comemora gol da Argentina contra a Alemanha na Copa do Mundo de 1978. Ao seu lado estão Emilio Massera (à esquerda) e Orlando Ramon Agosti (à direita), que faziam parte da junta militar que governava o país |

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O então ditador comemora gol da Argentina contra a Alemanha na Copa do Mundo de 1978. Ao seu lado estão Emilio Massera (à esquerda) e Orlando Ramon Agosti (à direita), que faziam parte da junta militar que governava o país

O ditador paraguaio Alfredo Stroessner (à direita) e Jorge Videla durante cerimônia em Assunção, no Paraguai, em 11 de junho de 1979 |

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O ditador paraguaio Alfredo Stroessner (à direita) e Jorge Videla durante cerimônia em Assunção, no Paraguai, em 11 de junho de 1979

O general Jorge Videla em foto de data desconhecida |

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O general Jorge Videla em foto de data desconhecida

Jorge Videla em corte antes do julgamento realizado em julho de 2010, em Córdoba |

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Jorge Videla em corte antes do julgamento realizado em julho de 2010, em Córdoba

O ex-ditador voltou ao banco dos réus em julho de 2012 |

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O ex-ditador voltou ao banco dos réus em julho de 2012

Videla é escoltado para a corte em San Martin, em 13 de julho de 2012 |

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Videla é escoltado para a corte em San Martin, em 13 de julho de 2012

O corpo de Jorge Videla é retirado da prisão |

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O corpo de Jorge Videla é retirado da prisão

Morreu nesta sexta-feira (17) aos 87 anos o ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla. Ele morreu dentro da prisão de Marcos Paz, na Província de Buenos Aires, onde cumpria prisão perpétua por crimes contra a humanidade.

Cecilia Pando, que é amiga da família, disse à radio Once Diez que o ex-ditador morreu dormindo e que não quis jantar na noite de quinta-feira (16) "porque se sentia mal". Ainda não se sabem as causas da morte.

Videla governou o país sul-americano entre 1976 e 1981 e foi um dos principais responsáveis pelo golpe e o chamado Processo de Reorganização Nacional, a última ditadura militar argentina (1976-1983).

O período que governou foi considerado o mais violento do regime militar, em que desapareceram mais de 30 mil pessoas. Em 2010, foi condenado pela Justiça argentina à prisão perpétua pelo fuzilamento de opositores na Província de Córdoba.

No mesmo ano, também foi considerado responsável pelo roubo de bebês durante seu governo e condenado a 50 anos de prisão. As condenações aconteceram após mais de 30 anos de pressão de organizações como as Mães e Avós da Praça de Maio.

A presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, foi uma das primeiras a reagir à morte. "Fico tranquila que um ser desprezível deixou este mundo", disse.

Confissão

No ano passado, Videla admitiu pela primeira vez que foram mortas "7.000 ou 8.000" durante o último regime militar da Argentina (1976-1983). O ex-mandatário afirmou que era o "preço a ser pago para ganhar a guerra contra a subversão".

A confissão foi feita no livro "Disposición Final" (Disposição Final, em português), do jornalista argentino Ceferino Reato, que disse ter ficado "chocado" pela forma como o ex-ditador relatou os horrores cometidos durante a "guerra suja".

"Me surpreendeu como Videla me dizia as coisas. Sempre o vi muito articulado, muito preciso em suas lembranças, usando uma linguagem descarnada e sem metáforas. Parecia um analista de fatos cometidos por outra pessoa."

No livro, o ex-ditador cifrou a quantidade de mortes durante os "anos de chumbo", e assegurou que o regime militar fez os restos mortais das vítimas sumirem "para não provocar protestos dentro e fora do país".

"Não havia outra solução. Na cúpula militar estávamos de acordo que era o preço que havia que ser pago para ganhar a guerra contra a subversão, e precisávamos que não fosse evidente para que a sociedade não se desse conta."

Na mesma publicação, ele afirma que o golpe militar na Argentina havia sido um erro. "Nosso objetivo (em 1976) era disciplinar uma sociedade anarquizada. Com relação ao peronismo, sair de uma visão populista; com relação à economia, ir em direção a uma de mercado, liberal. Queríamos disciplinar também o sindicalismo e o capitalismo predatório."

"Ideólogo do terror"

O jornal argentino "Clarín" afirmou na manchete de seu site que o ex-ditador Videla foi o "ideólogo do terror da pior ditadura da Argentina". O site trouxe ainda um texto no qual Nora Cortiñas, do grupo Mães da Praça de Maio, afirma que não festeja a morte, mas lamenta o fato de "irem com ele os segredos mais importantes da história".

O "Clarín" ainda relembra que, em março passado, na prisão Marcos Paz, Videla fez uma última provocação, ao convocar os ex-colegas das Forças Armadas "com 58 a 68 anos que ainda estejam em condições de combater" para se armar enfrentar a presidente Cristina Kirchner.

Essa declaração, como relembra o também argentino "La Nación", foi feita na última entrevista do ex-ditador, à revista espanhola "Cambio 16".

Logo após a publicação, Videla negou a autoria. Em sua homepage, o "La Nación" chama Videla de "símbolo da ditadura militar" e destaca a fala do Nobel da Paz Pérez Esquivel, segundo quem a morte do ex-ditador "não deve alegrar ninguém".

O site do jornal "Página 12" não destaca a morte de Videla, e sim um encontro ocorrido na quarta-feira entre o ex-presidente Lula e Kirchner.

Em seu texto, a publicação diz que Videla foi o responsável pela "etapa mais negra da história da Argentina" por ter "posto em prática um plano genocida sistemático que envolvia sequestros, saques e desaparecimento de pessoas", além de manter uma "política econômica neoliberal que foi o pontapé de um dos processos de esvaziamento e entrega aos capitais estrangeiros mais difíceis para a sociedade argentina".

"A luta dos organismos de direitos humanos que reclamam a memória, a verdade e a justiça pelos 30 mil desaparecidos e os netos que ainda não foram recuperados continua", afirma o "Página 12".

O portal "infobae" destaca que o ex-ditador "cumpria prisão perpétua e 50 anos de condenação em uma prisão comum pelo sequestro sistemático de bebês nascidos em cativeiro" e que ele "nunca se arrependeu" dos crimes. Já o "Crónica" considera Videla "a sinistra imagem de uma época violenta e sangrenta".

Um general dos anos de chumbo

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