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Luto

Morre Béjart, símbolo da revolução na dança

 | Sossella
(Foto: Sossella)

Lausanne – Uma das grandes referências da dança do século 20, o coreógrafo francês Maurice Béjart morreu ontem, aos 80 anos, em Lausanne, cidade suíça onde escolheu viver e trabalhar com sua companhia nas últimas duas décadas.

O artista, que se projetou mundialmente ao revigorar a dança clássica com audácia, mas sem deixar de lado a técnica do balé, vinha enfrentando problemas cardíacos e renais. Na semana passada, Béjart fora internado no hospital universitário de Lausanne pela segunda vez em um mês, alegando muito cansaço.

Mesmo doente e acamado, ele passou os últimos dias envolvido com os detalhes daquela que será sua derradeira criação para a companhia que leva o seu nome – a Béjart Ballet Lausanne, fundada por ele na Suíça, depois de ter dirigido o Balé do Século 20, em Bruxelas, de 1960 a 1987.

O espetáculo "A Volta ao Mundo em 80 Dias’’ tem estréia marcada para o próximo dia 20 de dezembro, em Lausanne, seguindo em fevereiro para Paris, a primeira parada de uma turnê mundial.

"Estamos muito chateados mas o show vai continuar’’, disse o porta-voz da companhia, Roxanne Aybek, confirmando a première do balé.

Nascido em Marselha em 1927, filho de um filósofo, Maurice Berger começou a dançar ainda rapaz, por indicações médicas. Não demorou muito para que se apaixonasse e decidisse tornar as sapatilhas um projeto profissional.

Ao mudar-se para Paris, para aprofundar-se nos estudos do balé clássico, ele também escolheu o pseudônimo que o projetaria em todo mundo. Béjart foi uma homenagem a Molière, cuja esposa se chamava Armande Béjart.

Em cinco décadas de criação, o coreógrafo, dono de profundos olhos azuis, montou um acervo de cerca de cerca de 250 coreografias, que espelharam em muito suas paixões e interesses, como o esoterismo, o amor por culturas diversas e misturas artísticas. Um caldeirão cultural que tem como mérito ter conseguido atrair uma platéia das mais ecléticas, em todo o mundo.

Entre os hits coreográficos que deixou inscritos na dança do século passado, estão "Bolero’’, com música de Ravel dançado por bailarinos homens, e a sua versão para "A Sagração da Primavera’’. Além de criações para as companhias que fundou ao longo da vida, fez trabalhos com superstars da dança, como Suzanne Farrell, Sylvie Guillem, Jorge Donn e Rudolf Nureyev.

Béjart e suas companhias estiveram no Brasil diversas vezes, a partir da década de 70. A última vez foi em 2003, com a turnê de "Madre Tereza e as Crianças do Mundo’’, na qual Béjart se uniu seu talento com o da brasileira Márcia Haydée. A bailarina era a estrela do espetáculo de estréia da Compagnie M, outra criação do coreógrafo, desta vez com jovens talentos de diferentes partes do mundo.

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